A incorporadora Cury, que atua no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), deve fechar o primeiro trimestre deste ano com cerca de R$ 1,8 bilhão em valor geral de vendas (VGV) em lançamentos, afirmou o presidente da companhia, Fabio Cury, em teleconferência com investidores nesta terça-feira (12). Como comparação, a empresa lançou R$ 1,4 bilhão no primeiro trimestre de 2023.
A estratégia da incorporadora para 2024, assim como foi feito em anos anteriores, é reforçar lançamentos no primeiro semestre e desacelerar na segunda metade do ano, segundo o executivo, para manter uma taxa de crescimento anual em torno de 20% a 30%.
Em 2023, a Cury atingiu R$ 4,4 bilhões em VGV lançado, alta de 34% sobre o ano anterior.
A empresa prefere trabalhar nas faixas superiores do MCMV, e o valor médio da unidade vendida subiu 14% no ano passado, para R$ 276,4 mil. Apenas 6% das vendas foram feitas para famílias com renda de até R$ 2.640, a faixa inicial do MCMV. Segundo o CEO, esse patamar de 6% deve se manter em 2024.
Ronaldo Cury, diretor de relações institucionais e com investidores da incorporadora, afirmou esperar que uma revisão dos valores das faixas de renda do MCMV ocorra nas reuniões do conselho curador do FGTS em abril ou maio. Para a faixa 1, esse aumento poderia acompanhar o reajuste do salário mínimo, de cerca de 7%, enquanto para outras faixas o reajuste poderia ser diferente, afirmou.
O conselho se reúne no próximo dia 19, e a expectativa da Cury é que seja destravado o FGTS Futuro, medida que permite usar depósitos futuros no fundo para complementar a renda do consumidor, aumentando seu poder de compra. Essa medida, porém, só vale para a faixa 1 do MCMV.
O diretor de RI destacou que o setor imobiliário está preocupado com a quantidade de imóveis usados financiados com recursos do FGTS, e que tem demonstrado isso ao governo federal. “Ele entendeu e deve restringir essa questão do usado na próxima reunião do conselho curador”, disse. Há ainda um trabalho sendo feito pelo setor, afirmou, para que o saque-aniversário do FGTS seja extinto, para preservar os recursos do fundo, que abastecem o MCMV.
João Mazzuco, diretor-financeiro da incorporadora, afirmou que a margem bruta da empresa deve seguir na faixa de 38% a 39%, assim como no final de 2023. A empresa avançou 0,9 ponto percentual no indicador no ano passado. “Esperamos ganho de margem um pouco mais para o final do ano”, afirmou. O que tem ajudado a Cury a elevar sua margem é que empreendimentos mais afetados pela inflação de custos da construção, lançados em 2020 e 2021, estão sendo entregues. “Essa mudança de mix vem contribuindo para a mudança de margem”, disse.
A companhia elevou sua geração de caixa em 42% em 2023, para R$ 424 milhões.
Fabio Cury destacou que o maior desafio atualmente é o aumento de trabalho na área de engenharia, por causa do aumento das obras em construção, fruto de lançamentos mais fortes nos últimos anos. Ainda segundo ele, não há uma pressão “evidente” sobre custo de insumos, mas a mão de obra é “a atual preocupação de todo mundo”.