A Cyrela, que tem registrado aumento nos seus estoques prontos, espera que os patamares comecem a ser reduzidos a partir de 2018, segundo o diretor de relações com investidores e finanças estruturadas, Paulo Gonçalves. Dificuldades de repasses dos recebíveis dos clientes para os bancos e queda das vendas brutas são os principais gargalos para a diminuição dos estoques, de acordo com Gonçalves.
No primeiro trimestre, a incorporadora mais tradicional do país teve distratos de R$ 500 milhões, em linha com os do quarto trimestre e com os dos três primeiros meses do ano passado. Em 2016, a incorporadora registrou as maiores rescisões de vendas no segundo e no terceiro trimestre. Os cancelamentos de vendas chegaram a R$ 2,3 bilhões no acumulado do ano.
Em 2017, os distratos serão menores em números absolutos, de acordo com Raphael Horn, copresidente da incorporadora, porque o volume de entregas previsto é menor. "Caso a economia melhore, os distratos também podem cair", acrescentou o executivo. Questionado sobre as regiões em que as rescisões têm se concentrado, o executivo brincou que "na República Federativa do Brasil". "Se a legislação mudar, a situação pode melhorar mais cedo", disse Horn.
O copresidente contou que a Cyrela espera melhora das vendas em maio e junho. "O mês de abril foi desastroso para o setor, por causa dos feriados", afirmou. Horn disse ter a impressão de que os preços de imóveis interromperam a queda dos últimos dois ou três anos. Quando necessário, segundo o copresidente, a Cyrela faz ajustes para baixo, mas a incorporadora busca reduzir o mínimo possível os valores.
A geração de caixa esperada para a Cyrela resultará da venda de estoques prontos, segundo o copresidente. A redução de custos de construção também contribuirá para a incorporadora gerar caixa. A Cyrela gerou R$ 158 milhões entre janeiro e março.
"As coisas ainda não estão boas no país, mas as nuvens estão clareando, e é possível ter esperança. Vamos torcer para que as reformas sejam aprovadas e para que o Brasil melhore. Faremos o melhor possível dentro desse cenário", disse Horn.
Segundo o diretor de relações com investidores, as taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras começam a ser reduzidas para o consumidor final. "Sentimos melhora em relação ao crédito concedido pelos bancos, mas ainda não significativa", afirmou Gonçalves.
No primeiro trimestre, a Cyrela lançou R$ 612 milhões, se for considerada a participação dos sócios nos empreendimentos, com estabilidade ante o Valor Geral de Vendas (VGV) apresentado nos três primeiros meses de 2016. As vendas líquidas caíram 4,3%, para R$ 520 milhões. A incorporadora está "bastante seletiva" na compra de terrenos, de acordo com o diretor de relações com investidores.