A Cyrela estima que será uma incorporadora com lançamentos anuais de R$ 4 bilhões. Embora a companhia já tenha estrutura para lançar esse Valor Geral de Vendas (VGV), segundo o diretor de relações com investidores, Paulo Gonçalves, o patamar deve ser atingido no prazo de quatro a cinco anos, pois o mercado não comporta o volume atualmente.
Em 2017, o VGV a ser lançado dependerá do mercado, de acordo com Gonçalves. "Diante das incertezas, a empresa vai ser cautelosa", disse o executivo, acrescentando que o desempenho do setor depende do crédito e da confiança do consumidor. "Quando a queda da Selic resultar em redução dos juros do crédito imobiliário, a venda tende a ser maior", afirmou.
A Cyrela vai concentrar sua atuação em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Região Sul. Metade dos empreendimentos será destinada à alta renda, e o restante, distribuído entre baixa e média renda.
De janeiro a setembro, a Cyrela teve lançamentos totais de R$ 1,663 bilhão. A companhia não divulga a projeção para o consolidado do ano, mas o valor pode ficar entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões se a média trimestral de 2016 for anualizada.
Segundo o diretor de relações com investidores, a Cyrela está saindo de regiões não estratégicas, o que permite a redução de despesas gerais e administrativas. Além de menos despesas com pessoal, é esperada economia decorrente da redução de contingências, conforme o executivo. As despesas gerais e administrativas da companhia - em torno de R$ 400 milhões - poderão cair para faixa de R$ 300 milhões a R$ 350 milhões em 2018.
No próximo ano, a prioridade da Cyrela será a geração de caixa. em novembro, a companhia estimou que, em 2017, a diferença entre recebíveis e custo a incorrer será de R$ 1,392 bilhão. Um ano atrás, a projeção para 2016 era de R$ 765 milhões. A diferença, superior a R$ 600 milhões, sinaliza que a companhia tende a gerar caixa.
Os recursos da geração de caixa serão utilizados para pagar dívidas e para distribuição aos acionistas. A Cyrela considera saudável que, no longo prazo, a alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido fique entre de 20% a 25%. No terceiro trimestre, a alavancagem da companhia era de 27,4%. Segundo Gonçalves, a Cyrela tem conseguido captações dívidas mais baratas, no mercado, apesar do momento da economia.
A companhia espera redução do estoque pronto em 2017, ainda que isso não vá ocorrer nos próximos dois trimestres, de acordo com Gonçalves. O executivo reiterou a expectativa que a proporção de distratos em relação às entregas caia no próximo ano. "Os distratos são o principal problema do setor", ressaltou.
Segundo o executivo, a elevação do teto do valor do imóvel financiado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode contribuir para a redução dos cancelamentos de vendas, assim como o aumento da fatia máxima a ser financiada pela Caixa Econômica Federal para 90%. Por enquanto, de acordo com Gonçalves, a Cyrela "ainda briga com os bancos para que os repasses ocorram da forma esperada". Os distratos decorrentes da negação de credito por bancos correspondem a 60% do total registrado pela incorporadora.
A Cyrela tem a intenção de aumentar o financiamento direto a clientes, por se tratar de operação rentável, segundo Gonçalves. A companhia cobra IGP-M mais 12% ao ano pelo financiamento direto e tem R$ 400 milhões em carteira na modalidade.
De acordo com o executivo, novembro foi o melhor mês do ano em relação às vendas. Em outubro, as vendas caíram na comparação com setembro. Os distratos caíram em novembro.
O executivo informou também que a Cyrela buscará melhora de sua rentabilidade, obtendo, de novo, margem líquida e retorno sobre patrimônio (ROE) no patamar de 15%. No terceiro trimestre, a margem líquida ficou em 1,8%, enquanto o ROE dos últimos 12 meses foi de 3,7%.