A Cyrela pode ter em 2024 lançamentos em patamar superior ao registrado neste ano, apesar do mercado mais difícil no setor de média e alta renda, afirmou em teleconferência com investidores nesta sexta-feira (10) o copresidente da companhia, Raphael Horn.
Ele destacou que esse crescimento não foi planejado, mas que a empresa encontrou mais terrenos “interessantes” do que precisava para o seu planejamento do ano.
Miguel Mickelberg, diretor financeiro da companhia, afirmou que já há terrenos suficientes para a operação de 2024 e a empresa está fechando aquisições para 2025, onde ainda faltam áreas.
Horn afirmou que o momento ainda está difícil para o segmento de média e alta renda, no geral do mercado, mas que isso tem sido bom para a Cyrela. “Surpreendentemente, nossos produtos têm sido bem aceitos”. Portanto, a empresa deve continuar em sua estratégia de lançar cerca de dois terços do valor geral de venda (VGV) anual nessas rendas.
O copresidente não vê espaço para aumentos significativos de preço no momento. “Agradecemos que está dando para vender no preço que gostaríamos”, diz. Para ser possível elevar mais os valores cobrados pelas unidades, seria preciso uma conjuntura de fatores macro que “não parecem tão prováveis no curto prazo”, disse.
A Cyrela deve ter uma margem bruta em torno de 32% a 35% no próximo ano, a depender do mix de produtos e da participação de permutas nos terrenos, informou Horn. No terceiro trimestre, foi de 33,5%.
Para o segmento econômico, onde atua com a marca Vivaz, o executivo reconheceu um cenário melhor, mas não prometeu grandes avanços em lançamentos. A empresa lançou neste ano, até setembro, R$ 1,46 bilhão na Vivaz, 21% do total. “Não vamos fazer R$ 4 bilhões ou R$ 5 bilhões de Minha Casa, Minha Vida, isso nós deixamos para os nossos sócios”, afirmou. A Cyrela tem participação na Plano&Plano e na Cury, que são especializadas no segmento econômico e que têm registrado crescimento forte nos últimos trimestres.
Ontem, em entrevista coletiva, Mickelberg afirmou que a Cyrela não planeja, no momento, vender mais participação nessas companhias.
O maior mercado de atuação da Cyrela é São Paulo, mas a empresa teve bom desempenho no terceiro trimestre com um lançamento no Rio, em Botafogo, que encerrou o período 45% vendido.
Perguntado se pretende aumentar os lançamentos na cidade, Horn afirmou que o mercado carioca é “muito difícil” e exige seletividade e cuidado com novos projetos. “Não vou fazer nada diferente do que temos feito nos últimos 5 anos”, afirmou. Também na quinta, Mickelberg afirmou que a companhia tem mantido cerca de R$ 1 bilhão em lançamentos no Rio ao ano.7
A Cyrela registrou, até setembro, queima de caixa de R$ 7 milhões. O volume está menor do que o esperado para o ano, que seria de pelo menos R$ 300 milhões. Segundo o diretor financeiro, a queima tem sido menor porque os pagamentos de clientes antes da entrega das chaves estão acima do planejado — das entregas previstas para este ano, 50% já está pago e, do previsto para 2024, 78% já está vendido e, desse total, 48% está quitado.
Essa queima de caixa menor tem dado mais confiança para a companhia pensar em aumentar a distribuição de dividendos, disse Mickelberg. “Só pagamos o mínimo obrigatório até agora, mas vemos a companhia estruturada e provavelmente teremos uma aceleração no volume de dividendos”, afirmou.