Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a redução da taxa básica de juros de 10,75% para 10,50%. O número indica a manutenção da tendência de queda da inflação e impacta o valor do crédito para financiamento de imóveis. O mercado imobiliário demonstra otimismo com o cenário, mas a redução da intensidade acende um sinal de alerta.
Apesar do novo nível da Selic ser o mais baixo desde dezembro de 2021 (9,25%), o corte de 0,25% pontos percentuais simbolizam uma desaceleração depois de seis reduções consecutivas de 0,50 pp. “A previsão de queda de juros do FED coloca pressão sobre o Banco Central, fazendo com que o ritmo diminua”, esclarece Gustavo Favaron, CEO do GRI Club, grupo de networking do setor imobiliário.
“Isso deve impactar o mercado imobiliário brasileiro porque os juros mais baixos tornam as taxas de financiamento dos bancos mais baratas. Assim você abre portas para uma boa parcela da sociedade e o setor fica mais aquecido”, observa o executivo. Em contrapartida, os vendedores de imóveis também podem se beneficiar do cenário de inflação baixa.
Adriano Mantesso, diretor geral da América Latina na Ivanhoé Cambridge, aponta que a redução dos juros tornam o financiamento mais acessível, aumentando a demanda e impulsionando a valorização dos imóveis. “É uma mudança com boas implicações para o mercado e que obriga os investidores a tomarem decisões estratégicas”, analisa.
“A rentabilidade dos projetos também é afetada pela Selic”, adiciona Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica. “Do lado do incorporador, a taxa de juros é importante para a viabilidade dos projetos. Ele ajuda a determinar a rentabilidade do projeto. Quanto maior o custo para produção, mais caro ele terá que ser vendido para valer a pena para o construtor”.
Para Favaron, o mercado continuará em uma rota favorável. “Apesar do movimento mais lento, a taxa de queda de juros abre espaço para uma redução no financiamento imobiliário”, afirma. “Não existe crise. O nível de demanda está saudável, mas se houver uma pequena redução, o mercado vai crescer, o que vai resultar em mais transações”, observa.
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) também demonstra otimismo, em detrimento do momento mais adverso da economia mundial. “É necessário que o BC siga comprometido com a redução da Selic no longo prazo de forma sustentável. O Brasil ainda tem a segunda maior taxa de juros real do mundo, o que é um grande entrave para o crescimento econômico do país”, comentou a entidade em nota.