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04/09/2020

Desencanto com Lavvi pressiona IPOs do setor

São 18 empresas do mercado imobiliário com pedido de oferta registrado CVM

A oferta de ações da incorporadora Lavvi, subsidiária da Cyrela, foi difícil de emplacar e continua reverberando. Insatisfeitos com o desempenho da operação, alguns investidores estão revendo a possibilidade de entrar em ofertas de outras companhias do setor. Afinal, são 18 empresas do mercado imobiliário com pedido de oferta registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Lavvi foi listada há dois dias e acumula queda de 6% - isso depois de ter estreado com redução de 15% do piso da faixa indicativa inicial e contado com a acionista Cyrela como uma das compradoras. Na estreia, a ação chegou a cair 15,3%.

Depois de fazer alocação nesse papel, duas gestoras grandes decidiram ficar de fora da oferta da Cury, apurou o Valor. A Cury é uma das próximas na fila de oferta e também tem a Cyrela entre os acionistas. Outra gestora que ficou incomodada com o processo de venda da Lavvi mantém a ordem na Cury por considerar a companhia robusta e o processo de oferta mais organizado.

“Na Lavvi, as condições da operação mudaram, e os vendedores pediram para as assets reduzirem as ordens para a oferta ficar abaixo de 1,3 vez o book a fim de que partes relacionadas pudessem participar”, explicou um gestor. Enquanto algumas casas próximas à empresa pediam para adiar a operação, a Cyrela preferiu entrar comprando para efetivar a transação, disse.

É comum nessas operações que alguns investidores de maior relacionamento com os vendedores mantenham ordens para viabilizar as operações, desde que dentro de seus parâmetros de risco. Na Lavvi, os bancos BTG Pactual, Bradesco BBI, Itaú BBA e XP Investimentos foram coordenadores.

Conforme duas fontes, a demanda na oferta da Cury continua robusta, a despeito de ajustes pontuais de um ou outro investidor. A companhia tem reputação consolidada no setor e exibe crescimento no balanço. Para os executivos do setor, são as operações menores e menos conhecidas que tendem a sofrer mais nesse processo de avaliação de mercado, quando há um grande volume de empresas de um mesmo setor preparando oferta e os investidores precisam selecioná-las.

Processo semelhante aconteceu no segmento de farmácias - depois de duas ofertas do setor, de Panvel e Dimed, com ações em queda nos pregões seguintes, a Pague Menos acabou sentindo o baque de demanda em sua operação, e também teve que reduzir preço. Também nesse caso, o acionista General Atlantic entrou comprando ações. A reação do papel da estreia, no entanto, foi positiva - o que pode aliviar parte da pressão sobre mais uma companhia do setor a caminho, a Nissei. “Não vai ser uma operação simples”, diz um gestor.  

FONTE: VALOR ECONôMICO