O volume de contratos de compra de imóveis cancelados cresceu R$ 512 milhões no ano passado em relação a 2014 em sete das principais incorporadoras de capital aberto do país.
Em 2015, Direcional, Eztec, Gafisa, MRV, PDG, Rossi e Tecnisa somaram R$ 6,4 bilhões em distratos, segundo dados divulgados pelas empresas.
A dificuldade de assumir as prestações do financiamento bancário ao tomar posse das chaves (antes disso, os pagamentos são feitos à construtora) é uma das principais razões para o cancelamento.
"O fluxo de caixa do empreendimento é prejudicado e traz dificuldades para os demais compradores", diz Flavio Amary, do Secovi-SP.
As queixas dos consumidores também aumentaram - 44% das reclamações recebidas pela Amspa (associação dos mutuários de São Paulo) em 2015 eram de rescisões de contrato, contra 23% em 2014.
A PDG teve a maior alta de cancelamentos, de R$ 1,1 bilhão para R$ 1,9 bilhão. Apesar do aumento, a empresa afirmou, em nota, ter revendido, em média, 80% dos distratos em 12 meses.
As empresas estão mais seletivas, segundo análise do Itaú BBA, que avalia que o distrato ainda será uma preocupação nos próximos anos.
No Grupo Gafisa, o número diminuiu com as baixas de cancelamento no segmento Tenda, de baixa renda. "Reduzimos o tempo de repasse da unidade ao banco", diz Felipe Cohen, CFO da empresa.
Para baixar as desistências, na MRV o comprador precisa ser aprovado pelo banco na assinatura do contrato. "A venda está mais difícil, mas estamos menos sujeitos a distratos", diz Eduardo Fischer, presidente da companhia.