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30/05/2016

Desvalorização do metro quadrado e promoção ajudam a venda de imóveis

Com preços até 15% menores, a demanda por apartamentos com valores acima de R$ 1 milhão subiu 18,3% em seis meses, disse o Viva Real.

Paula Cristina

 

São Paulo - Menos pressionados pela crise econômica e menos dependente de crédito bancário, a classe mais abastada da sociedade tem encontrado, na recessão, a oportunidade para encontrar o imóvel dos sonhos. Com preços até 15% menores, a demanda por apartamentos com valores acima de R$ 1 milhão subiu 18,3% em seis meses, disse o Viva Real.

"O número de interessados em casas de alto padrão subiu quase 30% em 12 meses", resumiu o proprietário da imobiliária goiana Luz do Sol, Emerson Maranhão, que comercializa lotes e casas em condomínios fechados de alto padrão em Goiânia (GO)

Segundo o executivo, por depender menos de liberação de crédito, os negócios tendem a acontecer de maneira menos burocratizada. "Além disso, a baixa nos preços cobrados, verificados nos últimos anos, foi o decisivo para impulsionar esse cliente a bater o martelo."

A imobiliária, que atua apenas com esse tipo de imóvel, vendeu, até abril, cinco empreendimentos de alto padrão, dois a mais que no mesmo período do ano passado. "Estamos com outras duas vendas em processo avançado de negociação, e que deve ser fechada em junho", previu.

O desempenho verificado por Maranhão não é um ponto fora da curva, segundo a plataforma de venda de imóveis Viva Real, nos últimos dois anos, o valor médio do imóvel teve desvalorização real 9,6%, com indicador de inflação acumulado em 20% (IPCA). Em 2016, a queda foi de 0,4%, com IPCA acumulado de 3,24%. "Em alguns casos, aqui na imobiliária, a desvalorização chegou a 15%, por se tratar de uma cidade sem tanto apelo quando capitais como São Paulo e Rio de Janeiro", completou Maranhão.

Essa queda, comenta o executivo chefe de operações do Viva Real, Lucas Vargas, resultou por um avanço na procura do imóvel dos sonhos. "Nos últimos seis meses é possível perceber aumento de 18,3% na demanda. Neste ano a busca por imóveis de luxo já apresentou crescimento de 6,7%", diz.

O executivo também ressaltou a importância de não se depender de financiamento bancário como forma de estimular negócios nesse modelo de empreendimento. "Além disso, o cenário atual favorece negociações e descontos, o que encoraja o consumidor. Vale pontuar que em algumas capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, não é possível comprar imóveis de luxo com um R$ 1 milhão", lembrou.

O mercado de luxo normalmente é um dos últimos afetado pelas crises econômicas, mas não são imunes aos seus efeitos. O Viva Real, plataforma que possibilita a comunicação entre imobiliárias, incorporadoras e corretores com consumidores que buscam um imóvel, realizou um estudo para analisar os impactos do momento econômico do País no mercado de imóveis de alto padrão.

O levantamento contemplou imóveis para venda com valor acima de R$ 1 milhão e para aluguel o valor considerado foi acima de R$ 5 mil.

Aproveitar o momento - Para tentar aproveitar o momento que favorece a compra de imóveis de luxo, a Eztec acaba de lançar Splendor Brooklin, na cidade de São Paulo, que oferece unidades de 213 m² e até 4 vagas de garagem

"Contando com uma área total de mais de 2.400 m², o Splendor Brooklin apresenta torre única de 42 unidades, dotadas de até quatro suítes ou sala ampliada", dizia o comunicado da construtora.

A iniciativa da Eztec, para o consultor imobiliário e professor do Creci-SP, Heitor Campos, é sagaz. "O mercado imobiliário irá trabalhar em uma retomada em breve, então é preciso continuar lançando", explicou ele ao DCI.

Para ele, a estratégia de lançar imóvel de luxo nesse período de fraqueza do mercado imobiliário, é uma solução inteligente. "Vender um apartamento para a classe que menos sentiu a crise será muito mais fácil do que vender cinco àqueles que estão no centro dela", resumiu. Além da cidade de São Paulo, o consultor elenca as cidades do Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC) como mercados em potencial. "São Paulo e Rio de Janeiro por ter um mercado imobiliário consolidado, e Florianópolis e Santa Catarina por apresentar uma tendência e busca por imóveis de alto padrão", finalizou ele

Aluguel - Com relação ao aluguel, o preço cobrado pelos proprietários teve desvalorização real de 15,8%, com o indicador de inflação acumulado em 17% (IGP-M). Ao analisar apenas este ano, a desvalorização foi de 1,9%, considerando o IGP-M (3,3%) acumulado do ano. Segundo o Viva Real, a demanda por aluguel de luxo caiu 6,8% em seis meses e, considerando apenas os quatro primeiros meses de 2016 a procura caiu 14%. "Na imobiliária, a busca foi quase zero por aluguel", diz Maranhão.

FONTE: DCI - NEGóCIOS