Por Allan Peterson
O mercado imobiliário do Nordeste apresentou um crescimento de cerca de 20% em 2024 nos segmentos de lançamentos e vendas, abrangendo imóveis de luxo até unidades econômicas. A região totalizou 74.761 unidades lançadas, aumento de 20,5% em relação a 2023. Já as vendas somaram 74.878 unidades, com uma alta de 20,8% em relação ao ano anterior, segundo levantamento mais recente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Fortaleza (CE) se consolidou como líder no segmento luxo e super luxo, com 387 unidades lançadas, seguido por João Pessoa (PB), com 229 unidades, e Maceió (AL), com 157 unidades. Essas unidades são caracterizadas por valores acima de R$ 2 milhões. Já no segmento econômico, aparecem Salvador (BA), com 5.417, seguido pela capital cearense, com 4.780 empreendimentos lançados.
Segundo o presidente da CBIC, Renato Correia, Fortaleza apresentou um crescimento contínuo, com um salto expressivo em 2022 e 2024. “Isso pode estar associado ao aumento da oferta de imóveis para a classe média e nos padrões luxo e alto luxo, uma clara estratégia das empresas locais para atender a uma demanda local, assim como à atração de investidores e ao mercado aquecido impulsionado pelo turismo”, avaliou.
A capital cearense tem atraído atenção por seu mercado imobiliário de alto padrão, impulsionado principalmente por regiões como Meireles, Aldeota e Dunas, que apresentam infraestrutura completa, proximidade às praias e elevados índices de qualidade de vida. O preço médio por metro quadrado em Fortaleza está entre os mais elevados da região, chegando a R$ 11.028.
João Pessoa (PB) também possui bairros de destaque no segmento de alto padrão, como Altiplano e Cabo Branco, com empreendimentos valorizados pelo posicionamento privilegiado próximo ao litoral. Já em Maceió (AL), bairros como Ponta Verde e Jatiúca lideram o mercado imobiliário, conhecidos pela orla urbana e pela oferta variada de serviços.
No segmento popular, com imóveis inseridos no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), do governo federal, Salvador (BA) destacou-se com 5.909 unidades lançadas, concentradas principalmente em bairros como Cajazeiras e São Cristóvão, enquanto Fortaleza (CE) registrou 4.780 unidades, distribuídas em áreas como Messejana e José Walter. O valor mínimo praticado no segmento MCMV na região Nordeste inicia-se na faixa próxima ao limite estabelecido pelo programa federal, geralmente abaixo dos R$ 190 mil.
Vendas de imóveis no Nordeste
Pernambuco liderou as vendas no setor imobiliário em 2024, com 15.350 unidades negociadas, seguido pela Bahia (14.595) e pelo Ceará (13.644). O MCMV respondeu por 47% das transações, consolidando-se como o principal motor do mercado. Já os imóveis voltados para a classe média representaram 32% das vendas, seguidos pelos compactos (20%) e pelos segmentos de luxo e superluxo (2%).
Para Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interesse Social da CBIC, o MCMV desempenha um papel crucial na região. “Tem uma presença muito forte em todo o Nordeste e contribui para o enfrentamento do déficit habitacional”, afirmou.
Ainda de acordo com o levantamento da CBIC, os estados com maior crescimento percentual nas vendas em relação a 2023 foram Alagoas (alta de 34,3%) e Rio Grande do Norte (34,1%).
Pernambuco possui o metro quadrado mais caro do NE
Porto de Galinhas, em Ipojuca (PE), lidera o ranking dos bairros mais caros do Nordeste, com o metro quadrado avaliado em até R$ 16.237, segundo levantamento da CBIC. Na sequência, Maragogi (AL) aparece com terrenos a R$ 14.779 por metro quadrado.
Entre as capitais e grandes cidades da região, São Luís (MA) registrou a maior valorização no preço médio privativo no comparativo com o último trimestre de 2023, com alta de 22%. Já Vitória da Conquista (BA) e Aracaju (SE) tiveram aumento de 21% no período.
Nordeste registra R$ 33,3 bilhões em VGV, com Pernambuco na liderança
O Valor Geral de Vendas (VGV) da região atingiu R$ 33,3 bilhões no período. Pernambuco obteve o maior volume de vendas em valor absoluto, com R$ 6,59 bilhões, seguido pelo Ceará, com R$ 6,33 bilhões. Sergipe apresentou o maior crescimento percentual no VGV, registrando aumento de 80,3% em relação ao ano anterior.
A Bahia registrou 16.479 unidades lançadas e 14.595 unidades vendidas, com um VGV de R$ 5,97 bilhões, enquanto a Paraíba lançou 11.125 unidades, vendeu 11.100 unidades e atingiu um VGV de R$ 5,34 bilhões, confirmando o desempenho positivo desses estados no cenário regional.
Os dados fazem parte do estudo “Mercado Imobiliário da Região Nordeste”, produzido pela CBIC em em parceria com a Brain Inteligência Estratégica com dados de 73 dos principais municípios dos nove estados da região, incluindo as capitais. Eles foram apresentados durante o evento CBIC Indicadores Regionais, voltado a empresários e líderes de entidades representativas do setor.
