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11/11/2019

Dois em cada dez guardam dinheiro em casa ou na conta corrente

Dois em cada dez brasileiros guardam dinheiro em casa ou na conta corrente, segundo pesquisa do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). No entanto, especialistas ouvidos pelo R7 afirmam que esta não é a forma mais indicada para poupar.

 

Dois em cada dez brasileiros guardam dinheiro em casa ou na conta corrente, segundo pesquisa do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). No entanto, especialistas ouvidos pelo R7 afirmam que esta não é a forma mais indicada para poupar.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, afirma que o primeiro ponto que deve ser considerado é o risco da inflação. “As pessoas citam achar que não vale a pena colocar no banco porque é pouco dinheiro, mas, se elas deixam em casa, vão perdendo o poder de compra ao longo do tempo”, explica.

Isto significa que o brasileiro vai precisar desembolsar mais dinheiro para comprar o mesmo produto um ano depois, devido ao aumento de preços por causa do impacto da inflação.

A professora dos MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas) Myrian Lund diz que, além da inflação, guardar o dinheiro em casa dá uma falsa sensação de segurança. “Você está sujeito a assaltos”, por exemplo.

 

Motivos - O professor de finanças do Insper Michael Viriato afirma que o medo de precisar do dinheiro é um ponto que motiva estes brasileiros a deixar o dinheiro em casa ou na conta corrente. Segundo Viriato, o desconhecimento faz com que as pessoas não saibam que existem aplicações financeiras que o dinheiro pode ser resgatado rapidamente, como é o caso de títulos do Tesouro Direto Selic, que têm liquidez diária.

Kawauti diz gostar de investimentos via corretoras, mas entende que este é um passo adicional. “Para quem está começando a investir, eu até acho que pode ir para um fundo de investimento. Estamos com a Selic tímida. Até a poupança pode ser uma porta de entrada”, afirma.

Atualmente, a Selic, taxa básica de juros da economia, está em 5% ao ano. Kawauti diz que, mesmo que a poupança seja um investimento com baixo rendimento, é interessante para que o brasileiro crie o hábito de poupar e quebre as barreiras.

A falta de confiança em bancos também é um fator que motiva esta situação. Segundo Lund, os consumidores têm garantia de até R$ 250 mil por CPF e, por isso, se a instituição financeira falir, valores inferiores a este serão garantidos ao cliente.

Como quebrar a barreira - Kawauti diz que é preciso colocar a vida financeira como prioridade e que, para investir, é necessário separar tempo para estudar.

“Investir direito vai fazer com que você tenha um futuro bastante diferente”, afirma. Segundo Kawauti, R$ 5.000 aplicados na poupança se tornam cerca de R$ 6 mil em cinco anos. Se o mesmo valor for colocado em qualquer investimento que tenha a taxa Selic como parâmetro, o valor sobe para R$ 6.400.

Para quebrar o gelo, o ideal é começar aos poucos. “De repente essa pessoa que tem R$ 5 mil na conta corrente tem medo do Tesouro Direto. Coloca R$ 500, depois mais R$ 500, pode ir aos poucos para ir sentindo esse novo momento de investir.”

Viriato orienta que, o ideal, é guardar pelo menos 10% do salário todos os meses. “Algumas pessoas vão ter que mudar hábitos inicialmente para chegar aos 10%. Esse caminho às vezes tem que ser mais lento”, afirma, dizendo que é preciso guardar aos poucos até chegar ao valor mínimo indicado. Isto significa que uma pessoa que recebe um salário mínimo R$ 998 deveria guardar, pelo menos, R$ 99,80.

“Se você deixa o dinheiro parado por 20 anos, você praticamente perdeu metade do valor que está ali”, afirma Viriato.

Lund diz que é essencial guardar dinheiro assim que o salário cai na conta, definindo qual o valor possível por mês. Outra forma de poupar é guardando todas as pequenas economias. “Poupar é com pouco. Eu saí com as minhas amigas e eu não lanchei, guardei o dinheiro, por exemplo”, explica.


 

 

FONTE: R7