Luiz Guilherme Gerbelli
A rápida deterioração da economia nos últimos trimestres levou o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para o nível de 2011. É como se a economia brasileira estivesse permanecido estagnada desde o início do governo Dilma Rousseff.
Os recentes indicadores econômicos divulgados mostraram que a recessão tem sido mais intensa do que os analistas previam. No terceiro trimestre, por exemplo, o PIB recuou 1,7% na comparação com os três meses anteriores. Foi a queda mais intensa para o período já apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde o início da série histórica, em 1996.
Com a forte retração econômica, as projeções para o PIB deste e do próximo ano pioraram fortemente, o que deverá fazer com que a economia volte ainda mais no tempo. Para 2015, boa parte dos analistas espera um recuo de quase 4% do PIB. No ano que vem, a queda deve ficar em 3%. "Todas as variáveis estão apresentando uma piora muito grande", afirma Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências.
A retração da economia brasileira, diz ele, fica evidente no aumento do desemprego. Os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad) Contínua - também calculada pelo IBGE - mostram que a taxa de desocupação no Brasil chegou a 8,9% no terceiro trimestre, a maior já registrada pela pesquisa iniciada em 2012. De acordo com o levantamento, a população desocupada chegou a 9 milhões, um crescimento de 33,9% em relação ao mesmo trimestre de 2015.
Incerteza - A recessão brasileira se agrava porque há um clima de grande incerteza política no País, o que dificulta a saída da crise atual. Na semana passada, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abriu o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, diversos analistas e empresários pediram publicamente uma definição do cenário o mais rápido possível para evitar uma piora ainda mais intensa da economia.
"Uma coisa é certa: notícia ruim do lado econômico vai continuar chegando. O que é temerário é que as expectativas ruins precisam ser revertidas nos próximos meses", afirma Fabio Silveira, diretor de Pesquisa Econômica da consultoria GO Associados. "É preciso não apenas uma reversão da expectativa na política, mas daquilo que a gente vai fazer do ponto de vista econômico", diz Silveira.
Volta do crescimento - Por ora, uma retomada da economia brasileira só é esperada para o fim do ano que vem, o que abre espaço para um PIB positivo em 2017. "Na margem, a economia brasileira pode voltar a crescer no segundo semestre do ano que vem, embora no ano (2016) o resultado vá ser muito ruim", afirma Juan Jensen, economista e sócio da 4E consultoria.