Com quase 20 mil moradores espalhados por uma área de quase 295.662 metros quadrados, a Favela do Vidigal está mais perto do céu hoje do que na semana passada. Nos últimos sete dias, pelo menos 30 obras de construção de imóveis em lajes de residências começaram a ser tocadas, acelerando um processo de crescimento vertical que se intensificou nos últimos anos. Mesmo com o recrudescimento da violência e a volta da circulação de traficantes armados por vias do morro, o Vidigal cresce a olhos nus, um fenômeno que pode ser visto do mar e também in loco.
A casa de Maurício Silva Carlos, de 29 anos, que trabalha como ajudante de uma barraca na Praia do Leblon, ganhou outros dois pavimentos nos últimos anos. Segundo ele, que mora há 16 anos na Rua Carlos Duque, o terceiro andar abriga sua mãe.
— O segundo pavimento foi vendido há pouco tempo por R$ 65 mil. É grande. Tem três quartos, sala, cozinha e um varandão. Antes de as árvores aqui da frente crescerem, dava para ver o mar — conta ele.
Na última quinta-feira, uma equipe do GLOBO percorreu a comunidade e atestou o crescimento vertical. Segundo Sebastião Aleluia, ex-presidente da Associação de Moradores do Vidigal, a favela tinha um único fiscal do Posto de Orientação Urbanística e Social (Pouso) da prefeitura. O servidor era o responsável, sozinho, pelas vistorias no Vidigal e no Pavão-Pavãozinho.
— Nem com esse braço do município contamos mais. Se surge uma construção em área de risco, tento orientar o morador. Mas não há muito o que eu possa fazer — diz Aleluia.
Prefeitura fará projeto - Por lei, o gabarito máximo permitido no Vidigal é de três pavimentos. Novas construções, exceto as de iniciativa do poder público, estão vedadas. Reformas e reconstruções só podem ocorrer em edificações existentes antes de 1998.
Por meio de nota, a Secretaria municipal de Infraestrutura e Habitação informou que busca uma maneira de conter o crescimento irregular em comunidades do Rio. “Para isso, está em fase final de criação um Grupo de Trabalho que irá fazer uma análise detalhada dessa questão e propor soluções ainda neste primeiro semestre”, diz um trecho.