A redução de estoques de imóveis já constatada no mercado paulistano tem dimensão nacional, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Há, portanto, o risco de desequilíbrio entre a oferta e a demanda de imóveis no País, que poderia provocar, no futuro, alta de preços, pois parte das empresas de construção ainda opera com cautela após a longa recessão do setor, evidencia a última Sondagem Indústria da Construção da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Nos cálculos da Cbic, o estoque de imóveis no País caiu de 161,8 mil, em 2016, para 143,9 mil, em 2017, e para 124 mil, em 2018. “O estoque atual equivale a 11 meses de venda”, notou o presidente da Cbic, José Carlos Martins. “Isso já representa uma preocupação quanto à falta de produtos para venda no futuro”, acrescentou.
A discrepância entre oferta e demanda foi agravada pela perda de ímpeto das contratações do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Em janeiro de 2018, essas contratações abrangiam 78 mil unidades, número que caiu para apenas 14 mil em janeiro de 2019. Como o MCMV vinha sendo o carro-chefe do mercado residencial nos últimos anos, qualquer mudança tem grande peso na avaliação da conjuntura imobiliária. Até agora, segundo reportagem do Broadcast, serviço noticioso online da Agência Estado, ainda não foi divulgada a meta de unidades a serem construídas no âmbito do MCMV em 2019.
Em janeiro, segundo a CNI, a indústria da construção mostrava dificuldades de recuperação e mantinha elevada ociosidade, com utilização de apenas 55% da capacidade instalada. Os empresários da construção ainda alimentam boas expectativas para este ano, mas os números caíram em relação ao fim do ano passado. As intenções de investimentos cresceram em relação a igual período de 2018, mas estão em nível pouco satisfatório. Como a Sondagem Indústria da Construção inclui não apenas companhias que atuam no segmento residencial, é possível que as limitações de investimentos contratados pelo setor público provoquem uma piora dos indicadores em geral.
No segmento residencial de médio e alto padrões, a Cbic prevê um cenário favorável para este ano, com crescimento entre 20% e 30% dos lançamentos e das vendas financiadas com recursos das cadernetas de poupança.