Por Ana Luiza Tieghi
Com um ticket médio para os apartamentos que constrói, cujos preços passaram de R$ 2,5 milhões para R$ 5,6 milhões a unidade desde 2019, a incorporadora Embraed, de Balneário Camboriú (SC), estima fechar o ano com R$ 550 milhões em vendas, 10% a mais do que em 2021.
Os clientes da companhia são consumidores ricos em busca de segunda residência na cidade que ganhou fama pelos prédios muito altos e luxuosos, além do polêmico alargamento da praia.
Pelo alto poder aquisitivo, a incorporadora não teve problemas ao longo deste ano para repassar o aumento dos custos com materiais e terrenos aos imóveis, afirma Tatiana Rosa Cequinel, presidente da companhia.
Também não há questões como inadimplência e risco de distratos, que assombram outras faixas do mercado imobiliário neste momento de juros elevados. Como explica Cequinel, seus clientes costumam pagar 30% do valor da unidade em até 90 dias e o restante em no máximo 60 meses.
Para o próximo ano, a companhia catarinense - que tem seu grande mercado na região de Camboriú - planeja fazer dois lançamentos, com valor geral de venda (VGV) de R$ 1,2 bilhão.
A Embraed já tem um empreendimento no Paraná, em Maringá, e Cequinel afirma ser um “sonho” para a empresa entrar no mercado de São Paulo. “O paulista entende bastante o nosso tipo de produto, que é muito diferente”, diz ela. Para isso, uma parceria seria bem-vinda. “Sempre quando vamos para um novo campo, temos que ter parceiro que conheça as coisas”.
A executiva também não descarta uma internacionalização da incorporadora. “Venho olhando Miami, tem saído bons projetos por lá, mas esse negócio é questão de oportunidade, tem que estar ligado”, afirma, acrescentando que a Embraed está “pronta para agarrar qualquer oportunidade”.
Outro plano da incorporadora é investir em condomínios horizontais de luxo. A inspiração é a Fazenda Boa Vista, condomínio da JHSF em Porto Feliz (SP). A ideia na Embraed, no entanto, é realizar o projeto em Santa Catarina. “Tem espaço e tem demanda”, garante a empresária, que assumiu o comando da empresa em 2013 no lugar pai, que foi o fundador da incorporadora.
A companhia tem a característica de se manter ativa em seus projetos depois que eles são entregues aos moradores. Cequinel assume como síndica dos condomínios por dois anos e há um departamento da incorporadora específico para cuidar disso. Segundo ela, essa proximidade com os edifícios em uso ajuda a ter uma visão do que funciona ou não, a melhorar os próximos projetos e a manter um padrão de qualidade nos empreendimentos.
Edifícios da Embraed em Camboriú têm vocação para segunda residência e ficam com poucos moradores na maior parte do tempo, exceto durante as temporadas de férias e aos finais de semana. Inspirados por essa característica, a companhia planeja adotar no próximo ano um serviço de concierge, pay-per-use, para assessorar os moradores que chegam à cidade sem saber quem contratar para ser babá ou personal trainer, por exemplo. O modelo do serviço está em desenvolvimento.
A incorporadora encontrava-se em “em conversas avançadas” para fazer uma oferta pública de ações (IPO, em inglês) mas os planos foram suspensos com chegada da pandemia. A expectativa da CEO é retomar o IPO em 2023.
A incorporadora tem hoje um banco de terrenos que corresponde a R$ 9 bilhões em valor geral de venda, que cresceu 60% desde 2020. Desse total, 70% está em Santa Catarina e 30% no Paraná.
Para se preparar para a abertura de capital e levantar recursos para comprar terrenos e tocar obras, tem feito emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que já somaram R$ 600 milhões.
Devido ao tipo de público que mira, mais resiliente a problemas macroeconômicos, a principal dificuldade da Embraed é assegurar os terrenos. Demolir prédios antigos para conseguir espaço já é uma realidade. A empresa deve derrubar um edifício de 16 andares (fora de padrão), que dará lugar a outro, de 75.