Na fila para ser privatizada, a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) planeja lançar na segunda quinzena de outubro uma plataforma digital para vender seus imóveis com descontos de até 70%. A medida tem como objetivo valorizar a companhia para ser apresentada aos investidores.
“Estamos tentando aprimorar processos para que a empresa seja mais atrativa”, afirmou Vinícius Mazza, presidente da Emgea, em entrevista ao Valor.
A estatal tem um estoque de 2,5 mil imóveis, a maioria deles casas ou apartamentos dos anos 80 e, principalmente, 90 relativos a operações de crédito originadas pela Caixa e retomados em geral por inadimplência.
Até agora, o principal canal de venda dessas carteiras eram os feirões do banco estatal, mas o custo chegava a ser de 10% do valor da transação. Por isso, a Emgea optou por não renovar o contrato com a Caixa e lançou um processo para selecionar um parceiro digital.
A operação será conduzida pela Resale, um “outlet” virtual criado em 2015 por Marcelo Prata para atuar na gestão e venda de imóveis retomados por instituições financeiras. A startup já tem acordos com o Banco do Brasil (BB) e o Santander. Nos dois casos, desenvolveu sites para a venda direta do estoque dos chamados “bens não de uso” (BNDU) desses bancos - mesmo modelo que será adotado agora na parceria com a Emgea.
“Mesmo já sendo atrativa para o mercado, esta é uma das muitas iniciativas que a Emgea vem adotando com o objetivo de melhorar a gestão dos seus processos, aperfeiçoando-a cada vez mais, e consequentemente potencializando o seu valor e retorno para União na sua desestatização”, disse, por meio de nota, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord.
A modelagem de venda da Emgea é conduzida pelo BNDES. Ainda não está definido se a estatal será vendida como um todo ou se as carteiras que formam sua base de ativos serão oferecidas ao mercado separadamente. De acordo com Mazza, a privatização deve ocorrer até a metade do ano que vem.
No fim de junho, a Emgea tinha um patrimônio líquido de R$ 10,8 bilhões. A companhia registrou lucro de R$ 201,5 milhões na primeira metade do ano. Além de imóveis retomados, a empresa atua na gestão de carteiras de crédito imobiliário em atraso originadas pela Caixa e de créditos perante o Fundo de Compensações de Variações Salariais (FCVS).
De acordo com Mazza, a plataforma de venda de imóveis alinha a Emgea às práticas do mercado privado e torna esses ativos mais visíveis para pessoas físicas, investidores e imobiliárias - que poderão consultá-los e ser informados quando aparecer algo no perfil que estão buscando. “Passamos de uma venda passiva para uma venda ativa”, diz. “A gente ganha escala, acelera o processo e aumenta o giro do estoque.”
A Emgea negociou 1,1 mil imóveis no ano passado e mais de 700 neste ano. Com a plataforma, a expectativa é que o ritmo de vendas aumente. O novo modelo também será mais econômico, segundo o executivo.
A remuneração da Resale será embutida no desconto oferecido ao cliente final, tirando esse custo da estatal. Até agora, a companhia pagava 5% por transação para a Caixa e, em alguns casos, mais 5% para o corretor.
A Resale não terá exclusividade na oferta dos imóveis e, segundo Mazza, a Emgea poderá selecionar outros parceiros se quiser.