Com aumento de 20% do preço médio do aluguel residencial nos últimos 12 meses, Belo Horizonte teve uma alta acima de outras capitais, como São Paulo (cerca de 17%) e Rio de Janeiro (cerca de 12%), segundo dados do Índice de Aluguel QuintoAndar Imovelweb. Mas afinal, por que Belo Horizonte teve um aumento tão expressivo nos valores dos aluguéis? A resposta está na quantidade de imóveis disponíveis para locação na cidade.
“Os estoques de imóveis estão muito baixos, ou seja, tem pouco imóvel e muita demanda. As pessoas estão procurando imóveis, mas como tem pouca oferta, o preço acaba subindo um pouco mais. E a gente comparando isso com outras cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e até Curitiba, a gente percebe essa característica: Belo Horizonte está com preços 20% mais altos nos últimos 12 meses, principalmente por conta desse baixo estoque”, justifica Pedro Capetti, especialista em dados do QuintoAndar.
Mas o levantamento do QuintoAndar também já sinaliza uma tendência de queda nos preços dos aluguéis na capital mineira em breve.
“A gente acredita que nos próximos meses o preço deve se estabilizar, a gente já começa a enxergar uma tendência de queda e à medida que os lançamentos vão acontecendo na cidade, vão chegando também no mercado de aluguel. A tendência é que o preço se acomode e fique um pouco mais baixo para o belohorizontino morar”, afirma Capetti.
Influência do novo plano diretor nos estoques de imóveis
De fato, o mercado imobiliário de Belo Horizonte viveu um tempo de instabilidade e um dos principais motivos foi a proposta de mudanças no plano diretor da cidade, que previa um aumento da outorga onerosa, ou seja, a taxa paga pelas construtoras à prefeitura para que sejam autorizadas a construir novos prédios acima do limite estabelecido.
Após o fim do período de transição previsto para as mudanças no plano, em fevereiro deste ano, a pressão das construtoras por alterações das novas regras se intensificou, numa tentativa de se evitar uma paralisação geral do mercado imobiliário, pois qualquer novo projeto passaria a contar com o potencial construtivo básico de apenas 1,0, o que encareceria muito os novos empreendimentos na cidade.
Pressionada, a Prefeitura de Belo Horizonte enviou à Câmara Municipal, no início do mês de março deste ano, o Projeto de Lei 508/2023, com modificações, diminuindo a cobrança da outorga onerosa pelo município através de instrumentos que viabilizam uma contrapartida pelas construções.
Com esta decisão recente, as construtoras devem voltar a anunciar novos lançamentos de imóveis em Belo Horizonte. “A gente viu notícias relacionadas a uma discussão muito ampla do plano diretor na cidade, que acabou represando alguns tipos de lançamentos durante alguns anos. Então a gente acredita que com a regularização desse problema, novos lançamentos vão ocorrer e vão equilibrar a questão da oferta e da demanda em Belo Horizonte”, analisa o especialista em dados do QuintoAndar.