Alternativas de financiamento, distratos, zoneamento e a instabilidade econômica brasileira. O mercado imobiliário ainda lida com essas antigas questões, mas já vislumbra soluções tecnológicas que podem tornar o setor mais competitivo, com menos desperdício, maior preocupação ambiental e novas experiências para o consumidor, como a internet das coisas usada dentro dos imóveis. Esse momento entre antigos e novos desafios foi retratado nos painéis do Summit Imobiliário Brasil 2019, realizado pelo Estado em parceria com o Secovi-SP, no Hilton São Paulo.
Neste momento de retomada do crescimento, o setor aposta na reforma da Previdência para deslanchar. “A partir de 2017, começamos uma recuperação tímida”, afirmou Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, na abertura do evento. “Para seguir crescendo, dependemos de três fatores: a reforma da Previdência, segurança jurídica e mudanças na Lei de Zoneamento”, ressaltou. O setor, segundo ele, pode apresentar crescimento de 5% a 10% em 2019.
Ajustes nas leis - Para isso, a simplificação da legislação foi apontada pelos participantes como fundamental. “Defendendo o patrimônio histórico e o meio ambiente, a gente precisa flexibilizar a legislação. É muito importante essa simplificação do processo”, afirmou o secretário da Habitação do Estado de São Paulo, Flavio Amary. “Do custo do imóvel, 12% é burocracia excessiva, que no fim recai sobre o consumidor”, lembrou o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antônio França, no início do evento.
Outra questão a ser resolvida é o financiamento, de acordo com os participantes do evento, que apostam no mercado de capitais e na entrada de investidores estrangeiros no setor. “Estamos conversando com as instituições, como o Secovi, e com as construtoras, para achar em conjunto soluções para desonerar a Caixa e atender quem precisa”, disse o vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Jair Luis Mahl. “A retomada não é um desafio para 2019, e sim a partir de 2019.”
O crédito ao consumidor é o que falta para acelerar a construção de moradias para baixa renda, segundo Wilson Amaral, presidente da Pacaembu Construtora, especializada em imóveis para esse segmento. “Temos um bom estoque de terrenos, a capacidade instalada é grande e temos capital.”
Investidores externos - As perspectivas para o mercado imobiliário brasileiro no âmbito internacional parecem promissoras. “Se as coisas saírem conforme esperado, vamos ver valores significativos vindo para o Brasil”, afirmou Seth Weintrob, head global de Real Estate do Morgan Stanley. O convidado internacional do evento estimou que, caso o País faça as reformas econômicas necessárias, pode recuperar a confiança dos investidores estrangeiros e, como consequência, receber bilhões de dólares no setor.
Weintrob apontou tendências tecnológicas tanto na construção quanto no produto entregue ao consumidor. Algumas dessas inovações já são realidade no Brasil e foram apresentadas no Summit Imobiliário por empresários participantes do evento. Entre elas, uma película para energia solar com diversas possibilidades de aplicação e casas pré-moldadas com design bonito e sustentável. E até no modo de pensar as construções em si. “Eu vejo o edifício como um hardware, que você pode botar o que quiser nele”, disse Alexandre Frankel, CEO da Vitacon.
Sentado ao lado dele, no painel de encerramento do evento, Elie Horn fechou o Summit Imobiliário Brasil 2019, aconselhando a busca por um equilíbrio entre se arriscar e ser precavido. “Quem não planeja não vence e quem não erra também não”, disse o fundador da Cyrela.