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15/04/2024

Equipe econômica vê corte de compulsórios como maneira de fortalecer crédito imobiliário (Valor Econômico)

Medida seria uma forma de tentar amenizar a perda de recursos da poupança, diz fonte

Técnicos da equipe econômica do governo federal consideram que a liberação de depósitos compulsórios pelo Banco Central (BC) fortaleceria o “funding” do crédito imobiliário neste momento. O assunto foi tratado pelo menos uma vez desde o fim do ano passado entre integrantes da equipe econômica, autoridade e instituições financeiras.

 

Os compulsórios são arrecadados pelo BC por meio de alíquotas cobradas sobre recursos captados pelas instituições financeiras. Eles servem tanto como um “colchão” de liquidez para o sistema bancário em momentos de crise quanto para regular a oferta e a demanda por crédito.

 

Em fevereiro, esses recursos estavam em R$ 620,2 bilhões, segundo a série histórica do BC. Em março de 2020, somavam R$ 354,9 bilhões. Na ocasião, pouco antes de medidas de estímulo adotadas durante a pandemia, a autoridade monetária vinha colocando em prática uma agenda estrutural de redução desses recursos.

Em cerimônia na quarta-feira no Palácio do Planalto, a vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Inês Magalhães, voltou a defender a liberação desses recursos, com o objetivo de “aumentar a oferta de crédito”. Semanas antes, ela já tinha afirmado que estavam “se construindo convicções” a respeito da importância de cortes.

 

“A gente tem conversado com o Banco Central, com a Fazenda, e também estão se construindo convicções de que isso seria uma medida importante para a economia, sobretudo”, disse.

A equipe econômica também defende há tempos a medida como forma de fortalecer a captação de recursos para o crédito imobiliário. Em pelo menos uma ocasião no fim do ano passado, integrantes da equipe se reuniram com técnicos do Departamento de Regulação do BC e de instituições financeiras para tratar do assunto.

 

Uma fonte da equipe econômica diz que a liberação de compulsórios seria uma “forma de tentar amenizar a perda de recursos da poupança e, a partir daí, [direcionar esses recursos] para a habitação”. O estoque da caderneta de poupança direcionado para o crédito imobiliário registrou saque líquido de R$ 207,4 bilhões entre o início de 2021 e março deste ano. Com isso, o saldo recuou de R$ 786 bilhões para

R$ 739,4 bilhões. A queda só não foi maior por causa dos rendimentos, que somaram R$ 145,4 bilhões nesse mesmo intervalo.

 

Outra fonte da equipe econômica afirma que os técnicos vêm “acompanhando com muita atenção a questão do funding do crédito imobiliário”.

“Nossa avaliação é que algo precisa ser feito. Houve mudanças tanto estruturais quanto conjunturais na questão do funding”, diz, afirmando que os técnicos estão “empenhados em arranjar uma solução de médio e longo prazo sustentável para o setor”.

 

Independentemente da redução de compulsórios, outras propostas devem ser apresentadas em breve pelo governo federal para fortalecer o crédito imobiliário. Há duas semanas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que uma Medida Provisória (MP) em elaboração conteria alterações para fortalecer o mercado secundário de títulos imobiliários. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discutiu, inclusive, detalhes da MP em reunião ministerial realizada na manhã desta quinta no Palácio do Planalto. 

FONTE: VALOR ECONôMICO