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01/11/2022

Espaços comuns ganham novos usos e sofisticação (Valor Econômico)

Ambientes compartilhados dos residenciais ganham requinte e propósito diferenciado com a valorização do bem-estar após a crise sanitária

Priorizar a qualidade de vida nos espaços de morar tornou-se um valor inegociável para as pessoas após os longos meses de pandemia. Dentro dessa nova realidade, cada ambiente da residência — seja uma casa ou um prédio — precisa entregar mais conforto e bem-estar. No caso dos edifícios, isso não tem mudado apenas as plantas dos apartamentos, mas também as áreas de uso comum.

 

Outrora vistas como espaços de transição ou voltadas para utilização esporádica, essas áreas se transformaram em espaços de multiúso para ocupação frequente, com novas funcionalidades e decoração mais sofisticada.

 

“As pessoas começaram a perceber a importância que têm as áreas comuns dos seus empreendimentos”, afirma Silvio Kozuchowicz, CEO da SKR Incorporadora. Para ele, esses espaços deixam de ser cubículos fechados para se tornar a extensão da casa. “Nossos projetos não têm salão de festas, por exemplo, mas um lounge multiúso, onde as pessoas podem trabalhar ou se reunir. Espaços de convivência são fundamentais hoje em dia”, avalia.

 

O Grupo Lar também tem reinterpretado as áreas comuns, depois de concluir que o conceito de morar bem deve estar traduzido em ambientes efetivamente utilizáveis e que sejam ocupados pelos moradores, segundo informa a gerente de Negócios, Larissa Gianetta, que cita o exemplo do hall de entrada dos edifícios. “Esse não deve ser um espaço apenas de passagem, e sim ter características de um lobby de hotel, por exemplo, que pode ser ocupado de várias maneiras”, sugere.

 

DESIGN E DECORAÇÃO

 

Nessa nova proposta para as áreas comuns, o design de interiores cumpre uma função fundamental, e ambientes decorados com objetos assinados por artistas e designers renomados têm sido uma tendência.

 

No Float by YOO, da SKR, a biblioteca tem mobiliário que combina peças do starchitect francês Philippe Starck com luminárias de Marcel Wanders e Ana Neute, poltrona de Marcus Ferreira para Carbono Design e clássicos do modernista Jorge Zalszupin.

A Setin Incorporadora escalou o escritório Todos Arquitetura para cuidar das áreas comuns de seus empreendimentos. No H.I. Pinheiros, o conceito empregado no salão de festas foi de valorização do design nacional, com uma poltrona de Carlos Motta, uma cadeira de balanço da Artefacto e uma luminária do Estúdio Rain.

 

“Para esse empreendimento, buscamos re-presentar um estilo de morar muito conecta-do com a vida cultural de São Paulo”, informa Fabio Mota, sócio da Todos Arquitetura. O escritório tem se notabilizado por projetos de áreas comuns: atualmente, desenvolve 25 projetos para 13 incorporadoras diferentes.

 

“O investimento nesses espaços tornou-se uma demanda importante para o sucesso de um produto imobiliário. É também uma maneira de registrar a assinatura de construtoras e incorporadoras entre os consumidores”, afirma Eduardo Pompeo, diretor de Incorporação da Setin.

Parcerias e collabs com estúdios de design também fazem parte da estratégia das incorporadoras para elevar o nível de sofisticação das áreas comuns. A Alfa Realty tem contado com as arquitetas Patricia Anastassiadis, especialista em projetos de hotelaria de luxo, e Cristina Barbara, além do designer Zanini de Zanine e do fotógrafo Christian Cravo, para cumprir essa missão.

 

Com isso, o custo do metro quadrado desses ambientes também atinge novos patamares, chegando a ficar entre R$ 4 mil e R$ 6 mil. Isso significa que um lounge gourmet de 400 metros quadrados demanda investimento mínimo de R$ 1,5 milhão.

Para Eudoxios Anastassiadis, CEO da Alfa Realty, o aporte se justifica. “Nosso cliente gasta o equivalente a 30%, 45% do valor do imóvel para decorar e equipar seu apartamento com fornecedores top de linha. E ele deseja que a área comum do prédio tenha o mesmo padrão”, pondera.

 

Matéria publicada em 29/10/2022)

FONTE: VALOR ECONôMICO