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02/08/2022

Even facilita aluguel de estúdios com parceria (Valor Econômico)

Braço da hoteleira Atlantica e incorporadora se unem para oferecer gestão de unidades compactadas a compradores

A incorporadora Even oficializou parceria com a empresa de hospitalidade Atlantica Residences, braço da hoteleira Atlantica Hospitality Internacional, para oferecer gestão de locação de curta temporada para seus estúdios.

 

Dois lançamentos de empreendimentos compactos da Even foram feitos nos últimos meses com a parceria, o Go Portugal e o Go Platô, no Campo Belo e em Perdizes, em São Paulo. Segundo a Even, as unidades, de 22 a 30 m2, foram 100% vendidas em até um mês.

A Atlantica vai atuar como administradora de condomínio dos empreendimentos e fazer a gestão das unidades que quiserem aderir ao seu sistema. A companhia padroniza a decoração dos apartamentos e os insere em sua plataforma de locação. Ricardo Bluvol, vice-presidente de desenvolvimento da Atlantica Hospitality, diz que a rentabilidade costuma ser 20% maior do que no sistema de 30 meses. Para os moradores fixos, a Atlantica oferece serviços pay-per-use, como arrumação do quarto.

 

Os maiores compradores dos estúdios são investidores que desejam locar as unidades, e não viver nelas. Elas são atrativas para quem passa poucos dias hospedado, o que causa rotatividade grande de hóspedes, trabalhosa de se manejar. Por isso, parcerias entre incorporadoras e plataformas de locação são cada vez mais comuns. “Vimos demanda crescente por produtos bem resolvidos, e a estrutura não atendia a demanda do cliente por uma gestão quase que hoteleira desse tipo de unidade, para que ele não tenha nenhuma preocupação”, diz Marcelo Dzik, diretor de incorporação da Even.

 

Além do comprador-investidor, as plataformas estão de olho no estoque das incorporadoras. É uma relação de benefício mútuo: as empresas ganham portfólio e as incorporadoras mitigam gastos do imóvel, como condomínio e IPTU. Também podem usar o aluguel como vitrine para atrair compradores.

 

Segundo Dzik, essa é uma opção que ainda precisa ser estudada pela Even. O ideal é que não seja necessária, já que a incorporadora espera que a parceria aumente a velocidade de venda das unidades, assim como ocorreu com os dois empreendimentos lançados.

No entanto, a formação de estoque já começa a preocupar o mercado imobiliário. No fim de junho, o Itaú BBA divulgou levantamento que indica elevação do estoque de 15 para 22 meses entre as incorporadoras de médio-alto padrão, na comparação entre o segundo trimestre de 2021 e de 2022, maior nível em quatro anos. Ao desconsiderar a venda das unidades lançadas no último trimestre, seriam necessários 43 meses para comercializar todas as unidades. Há um ano, eram 27 meses.

 

A Housi, plataforma de gerenciamento de hospedagem e outros serviços, que nasceu da Vitacon, tem nas unidades em estoque um dos motores de expansão, ao lado de lançamentos e prédios antigos que precisam de atrativos para elevar a ocupação. Do portfólio atual, só 6% é da Vitacon. A Housi atua em 150 cidades e tem quase 70 mil unidades contratadas. “A escala que a Housi tomou mostra que as pessoas estão enxergando valor nessa solução”, diz o diretor-executivo Alexandre Frankel.

 

Um dos fundadores da proptech Ublink, Rogério Santos ressalta que é preciso muita qualidade no serviço prestado para manter uma plataforma de locação de curta temporada, porque a demanda dos usuários é constante. “O que faz diferença é a administração, mas o que tenho visto é que muitas dessas empresas têm empregado tecnologia e deixado o consumidor de lado”, diz. Para ele, o negócio é comparável aos flats, que foram tendência na década passada e sofreram com baixos retornos.

 

Dzik afirma que são sistemas diferentes. “O mercado ficou traumatizado com o modelo de flat, mas era outro tipo de adesão e de custos operacionais, a gente vê hoje produtos mais adaptados”.

 

Público para se hospedar não parece faltar. Segundo Santos, a demanda por locação cresceu 30% na Ublink neste ano, e também aumentou a quantidade de pessoas que querem vender seus imóveis - mas não a de interessados em adquirir uma unidade. A pandemia e o trabalho remoto mostraram que para algumas pessoas é possível viver em qualquer lugar e se mudar com frequência, o que vai ao encontro dos modelos de locação. 

 

Matéria publicada em 02/08/2022

FONTE: VALOR ECONôMICO