Os distratos tendem a ter menos impactos nos resultados da EZTec deste ano, ainda que o volume de entregas projetado - de 3 mil unidades - seja semelhante ao de 2016. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Emilio Fugazza, não se trata de meta, mas de expectativa que os cancelamentos de vendas não cresçam, pois parte das potenciais rescisões de unidades de projetos a serem concluídos em 2017 foram antecipadas no ano passado. "Este será o último grande ano de entregas", diz Fugazza.
As vendas da EZTec, no primeiro trimestre, estão semelhantes às do quarto trimestre, mas tem havido menos distratos, de acordo com o executivo. A incorporadora está preparando, para os próximos três meses, lançamentos de três projetos, que somam Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 200 milhões. Em 2016, os lançamentos somaram R$ 205 milhões, e a EZTec comprou R$ 26 milhões em participações em dois projetos dos quais já era acionista.
Em 2016, o aumento das rescisões de vendas foi a principal razão para a piora do balanço, ainda que a companhia tenha conseguido fechar o ano com o resultado líquido positivo. A receita líquida da EZTec caiu 30%, para R$ 572,23 milhões. Com menos diluição das despesas nas receitas e menor equivalência patrimonial dos projetos com controle compartilhado, o Ebitda foi reduzido em 57%, para R$ 169,3 milhões. O lucro líquido da companhia encolheu 48%, para R$ 230,2 milhões.
A margem bruta foi reduzida dos 51,2% de 2015 para 47,2% no ano passado. A piora resultou da concessão de descontos para acelerar vendas de unidades. A margem a apropriar da incorporadora, de 49%, sinaliza que o patamar da margem bruta poderá ser mantido neste ano.
Em média, houve abatimentos de 10%, no ano passado, em relação ao preço máximo pelo qual a unidade já foi comercializada. Ainda assim, devido ao mix de produtos e às regiões em que a EZTec concentrou lançamentos, o preço médio por metro quadrado vendido, em 2016, foi 7,5% superior ao de 2015 na cidade de São Paulo.
No quarto trimestre, a EZTec teve lucro líquido de R$ 69,04 milhões, com queda de 34% ante o mesmo período de 2015. "O lucro do quarto trimestre foi maior do que o do terceiro trimestre e do segundo trimestre. Isso nos dá a impressão de que o pior já passou", diz Fugazza. A receita líquida caiu 33%, para R$ 151,44 milhões. Já a margem bruta aumentou de 47,1% no quarto trimestre de 2015 para 53,6%.
A EZTec consumiu caixa de R$ 8,48 milhões no quarto trimestre devido à compra de terrenos, mas gerou R$ 200 milhões no acumulado do ano. A companhia estima manter a condição de geradora de caixa em 2017, mas Fugazza ressalta que isso depende dos volumes de distratos e da venda bruta, e que não há meta.
No acumulado deste ano e de 2018, a geração de caixa pela companhia pode superar R$ 1 bilhão se considerados fatores como contas a receber menos custos de construção a incorrer, impostos e pagamento de financiamento à produção. De acordo com o executivo, isso resulta da condição de caixa líquido da empresa e das margens elevadas.
No fim de 2016, a EZTec tinha caixa líquido de R$ 210,4 milhões e possuía R$ 388,6 milhões em recebíveis de empreendimentos prontos, passíveis de securitização.
A companhia pretende distribuir aos acionistas R$ 180 milhões em dividendos, o que corresponde à parcela de 78% do lucro. O valor inclui R$ 54,7 milhões dos 25% a serem pagos em dividendos e os R$ 126 milhões adicionais da reserva de lucros que serão propostos à aprovação de Assembleia Geral Ordinária (AGO) em 28 de abril.