Dona de um portfólio de negócios que vai da produção de cimento a concessões de metrô e rodovias, a Mover Participações, holding da família Camargo, anunciou ontem a escolha de Wilson Brumer para presidir o conselho de administração da empresa. O nome do executivo, que há um ano preside o conselho diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), foi aprovado em assembleia de acionistas na segunda-feira. Brumer vai acumular também, por algum período, o cargo de presidência executivo da holding.
Aos 71 anos, e garantindo estar cheio de energia para mais este desafio, Brumer tem uma longa carreira nos setores de mineração, siderurgia e energia, passagem pelo setor público em Minas Gerais e conselheiro independente de várias empresas.
No processo de mudança no comando da Mover - que veio suceder a antiga Camargo Corrêa S.A. - Brumer assume a posição que era ocupada até segunda-feira por André Pires de Oliveira Dias, um dos acionistas. Dias compõe com outros cinco representantes a nova geração dos Camargo, que assumiu os negócios no grupo a partir de 2016. Eles representam três ramos da família do fundador do grupo, Sebastião de Camargo. Até agora, eles se revezavam no comando da Mover.
“Com Brumer, damos mais um passo no processo de profissionalização do grupo e reforçamos a estratégia de longo prazo da companhia, numa visão de multinegócios”, disse uma fonte próxima da Mover ao Valor.
Convidado para o cargo há cerca de dois meses, o executivo disse ao Valor que, não sua visão, a indicação de alguém de fora da família na presidência do conselho só reforça o processo de aprimoração da governança nos negócios do grupo. “É a junção da experiência com a juventude da nova geração da família. Vi para ajudar os acionistas na estratégia de avaliar so seus negócios.”
A Mover, que substituiu há três anos a Camargo Corrêa S.A. controla a InterCement (fabricação de cimento e concreto), a Camargo Corrêa Infra (construção pesada), CCDI e HM - empreendimentos imobiliários na alta e baixa renda, respectivamente -, CCR (mobilidade urbana e concessões de infraestrutura) e a Véxia (empresa de outsourcing). O grupo também detém 50% do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que está em recuperação judicial.
Em comunicado, a Mover destacou que a nomeação “representa mais um passo na consolidação do modelo de negócios da holding, responsável pela estratégia de longo prazo das empresas investidas, adotando práticas de compliance, meritocracia, retorno sobre o capital e gestão de risco”. Essas empresas, como CCR, tiveram a nomeação de membros externos e independentes em seus conselhos.
A construtora Camargo Corrêa, assim como outras empresas do setor, esteve envolvida nos processos da operação Lava-Jato da Polícia Federal. Ela foi uma das primeiras a firmar acordo de leniência com órgãos como AGU e Cade.
Brumer presidiu a Vale, Acesita, Usiminas e BHP Billiton, foi presidente de conselhos da Cemig, Localiza e Direcional Engenharia e conselheiro na Embraer, Metso, Fundação Renova e CCR (por dois anos. De 2003 a 2006, foi Secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.
Para evitar conflito de interesses, no domingo ele renunciou à vaga de conselheiro na Direcional.