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14/05/2019

Favorita dos brasileiros, poupança tem vantagens como ausência de cobrança de taxas e de IR

Há um enorme contingente, no entanto, que continua fiel à tradicional caderneta de poupança , criada em 1861 pelo imperador Dom Pedro II

O cenário de juros baixos — a taxa básica da economia, aSelic, está há mais de um ano em seu mínimo histórico, 6,5% — tem obrigado quem quer melhores rendimentos a diversificar suas aplicações. Em abril, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, alcançou a marca de 1 milhão de pessoas físicas investindo em ações. O Tesouro Direto também já conseguiu mais de 1 milhão de aplicadores em títulos públicos de renda fixa.

Há um enorme contingente, no entanto, que continua fiel à tradicional caderneta de poupança , criada em 1861 pelo imperador Dom Pedro II. São 158 milhões de brasileiros, segundo os dados mais recentes do Banco Central (BC).

E essas pessoas têm uma certa razão. Simulações feitas por especialistas apontam que, dependendo do valor disponível e das taxas de administração, a caderneta pode ser uma opção. O conselho, no entanto, é diversificar os investimentos, distribuindo os recursos por diversos tipos de aplicação.

— Diante das reduções continuadas da Taxa Selic, os fundos de renda fixa continuam perdendo competitividade frente às cadernetas de poupança, principalmente nas aplicações de baixo valor. Diferentemente da poupança, os fundos de investimento cobram taxas de administração, que podem ser elevadas— explica Miguel de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac).

Ele, de certa forma, redime a caderneta: - — A poupança vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente se comparada aos fundos cujas taxas de administração são superiores a 1% ao ano.

Atenção à inflação - A poupança, que, de acordo com dados do BC, tem hoje um estoque de R$ 792,8 bilhões, ainda atrai as pessoas pela segurança e pela facilidade de resgate dos recursos.

Outros fatores positivos são a isenção de Imposto de Renda, a ausência de cobrança de taxas de administração e não ser necessária uma corretora para se aplicar na poupança.

O problema é quando a inflação avança: nesse cenário, a poupança rende menos e há uma redução do poder de compra. Além disso, se a Selic está elevada — e o país conviveu, por muito tempo, com taxas de dois dígitos —, a caderneta perde em atratividade para outros investimentos de renda fixa.

No momento atual, em que a inflação está sob controle e a Selic está baixa, a poupança acaba tendo ganhos semelhantes aos de outros tipos de investimento, sobre os quais incidem taxas de administração e Imposto de Renda.

— Quando você tem investimentos conservadores de renda fixa, como o fundo DI, que são tributados e cobram taxas de administração, esses custos fazem com que, a curto prazo, a poupança tenha uma rentabilidade equivalente a essa modalidade ou até mesmo superior. A poupança é uma alternativa favorável para investimentos inferiores a seis meses — diz Virginia Prestes, professora de Finanças da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).

Mas é preciso ressaltar que há uma diferença de rendimento entre as cadernetas de poupança novas e aquelas abertas antes de maio de 2012. Na ocasião, o BC determinou que, quando a Selic ficasse abaixo de 8,5% ao ano, as novas contas seriam remuneradas pela Taxa Referencial (TR) mais 70% da Selic, mensalizada. Os depósitos anteriores a maio de 2012 continuam sendo remunerados pela TR mais 0,5% ao mês — algo significativo em tempo de juros baixos.

Reserva de emergência - A poupança também é uma boa opção para quem quer ter uma reserva para situações de emergência, principalmente por sua liquidez. Ela também pode funcionar como uma aplicação temporária até que se escolha uma modalidade de investimento mais adequada para um determinado valor, como o dinheiro resultante da venda de um imóvel, por exemplo.

— Dependendo da quantia que esteja disponível, a pessoa pode escolher tirar tudo da poupança e investir em outra modalidade. Para quem quer guardar o dinheiro que está entrando, a caderneta é uma boa opção porque tem uma grande facilidade de tirar de um lugar e depois escolher investir em outro — explica Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro.

Especialistas ressaltam, no entanto, que os atuais juros baixos demandam mais ousadia de quem busca rendimentos maiores. Aí se enquadram as aplicações em renda variável (ações negociadas em Bolsa) — mas sempre com um objetivo de longo prazo.

— A caderneta tem uma enorme quantidade de poupadores por ser a modalidade mais acessível de investimento e a mais tradicional. Ela aproxima muito a população, cuja maioria não sabe investir, principalmente pela falta de educação financeira. Muitas vezes a pessoa está ali só porque é fácil. Porém, se alguém busca rendimentos maiores e continua na poupança, é porque não teve educação financeira. Hoje, com cerca de R$ 30 é possível comprar alguns tipos de título — explica Virginia, professora da Faap, referindo-se a títulos do Tesouro Direto.

FONTE: O GLOBO