O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, manteve os juros ontem, mas indicou que o crescimento econômico moderado nos EUA e "fortes ganhos no emprego" permitirão que o banco central norte-americano volte a apertar a política monetária neste ano.
No entanto, o Fed destacou que os EUA continuam enfrentando riscos provenientes da economia global incerta. "Uma série de indicadores econômicos recentes, incluindo fortes ganhos de emprego, indicam fortalecimento adicional do mercado de trabalho. A inflação acelerou nos últimos meses", disse o Fed no comunicado em que anunciou a manutenção das taxas na faixa entre 0,25% e 0,50%. "Contudo, desdobramentos econômicos e financeiros globais continuam representando riscos" e vão manter a inflação baixa pelo restante de 2016, completou.
As autoridades do Fed também projetaram crescimento econômico mais fraco e inflação mais baixa este ano, e reduziram sua estimativa sobre onde a taxa de juros estará no longo prazo para 3,30%, de 3,50%, sinal de que a recuperação econômica continuará fraca. O cenário para a taxa de juros representa mudança em relação às quatro altas esperadas quando o Fed elevou os juros em dezembro último pela primeira vez em quase uma década. A maioria das autoridades disse agora esperar que será apropriado elevar os juros em 0,5 ponto percentual até o final deste ano.
O novo cenário surge no momento em que o Fed tenta enfrentar a volatilidade recente no mercado global e manter seus planos de elevar os juros de alguma forma intactos.
O Fed adotou uma postura cautelosa na reunião de política monetária de janeiro, em meio às perdas dos mercados financeiros, preços mais fracos do petróleo e queda das expectativas de inflação. Como em seu comunicado de janeiro, o Fed não afirmou diretamente como considera o balanço de risco à economia dos EUA. Os membros do Fed também veem contínua melhora do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego caindo para 4,7% até o final do ano.
Eles reduziram sua estimativa para a inflação este ano para 1,2% de 1,6%, mas veem recuperação para perto da meta de 2% do banco central no médio prazo no próximo ano.
A presidente do Fed de Kansas City, Esther George, foi a única dissidente na reunião de ontem. Em entrevista à imprensa, a chair do Fed, Janet Yellen, disse que ainda é preciso avaliar se a recente melhora no núcleo da inflação, que exclui os componentes voláteis de energia e alimentos, será sustentável.
Inflação - Antes da reunião do Fed, dados divulgados na manhã de ontem indicaram que o núcleo da inflação nos EUA subiu mais do que o esperado em fevereiro com a manutenção da tendência de alta dos custos de medicamentos e aluguéis.
Outros dados divulgados ontem mostraram que o mercado imobiliário continuou a se fortalecer no mês passado, com o início de novas construções atingindo seu maior nível em cinco meses após sofrer com o clima adverso.
A alta da inflação, a estabilidade do setor imobiliário e o aperto das condições do mercado de trabalho aumentaram a probabilidade de um aumento dos juros em junho.
O Departamento do Trabalho disse que o núcleo do índice de preços ao consumidor, excluindo os componentes voláteis de energia e alimentação, subiu 0,3% no mês passado, repetindo a variação de janeiro. Economistas consultados pela Reuters esperavam alta de 0,2%. Porém, a queda de 13% nos preços da gasolina levou a queda de 0,2% no índice geral de preços ao consumidor em fevereiro, após estabilidade em janeiro.