A promessa é construir uma casa com pouco menos de 50 metros quadrados em apenas 24 horas na presença das pessoas que visitarem a Feicon Batimat, salão internacional de construção e arquitetura que acontece em São Paulo entre 9 e 12 de abril.
A Casa 24h, apresentada também como alternativa para reduzir o déficit habitacional do país, de 7,8 milhões de unidades, tem sala, cozinha, dois quartos e banheiro.
É um sistema de construção industrializada. De acordo com o modelo, ao mesmo tempo em que o terreno é preparado as paredes de concreto já estão sendo produzidas na fábrica, com aberturas para janelas e passagem de dutos.
Os visitantes que quiserem poderão acompanhar o Big Brother da obra em três turnos de oito horas, em média, nos três primeiros dias do evento.
"A maior parte do trabalho é feita dentro de um galpão. Depois, tudo é montado como se fosse um Lego. Não precisa estocar material ou reservar uma área administrativa na obra", diz Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia, consultoria de sustentabilidade na construção civil e idealizadora do projeto Casa 24h.
O objetivo desse sistema também é de oferecer ganho em escala. Uma casa do mesmo porte demora, em média, dois meses para ser erguida de maneira tradicional, segundo Ferreira.
"Há esforços governamentais como o programa Minha Casa Minha Vida, que até que foi bem-sucedido, porque entregou milhões de casas nos últimos anos, mas ainda assim o déficit habitacional se mantém", diz Ferreira.
Participam do projeto junto com a Inovatech outras 14 empresas, das áreas de sistemas elétrico e hidráulico, paredes de concreto, concepção arquitetônica e design de interiores, entre outras.
Todas essas atividades são reunidas na plataforma BIM (Building Information Model), que projeta virtualmente as etapas de construção de uma obra. Com essa ferramenta é possível prever, por exemplo, conflitos entre elétrica e hidráulica.
Um projeto em São Paulo com 20 residências desse tipo tem valor estimado em R$ 90 mil a unidade. Se forem cem casas, esse preço cairá para R$ 76 mil, segundo a empresa.
A ideia é erguer casas padronizadas e construídas com técnicas de repetição, como em uma linha de produção. Isso aumenta a qualidade da obra e evita desperdício de materiais, segundo Ferreira.
A casa feita da maneira convencional permite maior personalização, mas as chances de falhas são maiores nesse estilo de construção.
"Conseguimos colocar o que há melhor de mercado em termos de engenharia, projeto e inteligência a partir do momento que temos escala e esses custos se diluem", afirma Ferreira.
O projeto prevê paredes de concreto pré-moldado, desenvolvidas em sistemas de fôrma da empresa Kronan. O piso também é de concreto, e as telhas, de fibrocimento.
Por dentro, a Decoradornet garante a personalização. A empresa propõe a popularização de projetos de decoração de interiores por meio da conexão online entre profissionais e clientes.
Um plano de decoração para uma Casa 24h pode ser oferecido de R$ 375 a R$ 625, de acordo com os sócios da plataforma, Marina Albuquerque e Guilherme Ommundsen. Mais de mil profissionais estão cadastrados, eles dizem.
O sistema de construção industrializado dá mais segurança tanto aos operários da obra quanto aos moradores, segundo Robson Jorge, engenheiro da SIL Fios e Cabos Elétricos, que fornecerá produtos à Casa 24h.
"Cada construção convencional é feita por um profissional diferente, que pode entregar uma emenda mal executada. No caso da construção industrializada, não há profissional bom ou ruim", diz.
Construções 100% industrializadas são uma tendência mundial, diz Ferreira, da Inovatech. A técnica é comum em países da Europa, mas deve se consolidar no Brasil nos próximos dez anos, avalia.
Segundo Oswaldo Neto, diretor da construtora ForCasa, especializada em imóveis do Minha Casa Minha Vida, empresas que não adotarem as construções modulares ficarão para trás. A ForCasa não participa do projeto Casa24h.