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29/02/2016

FGTS libera R$ 21,7 bilhões para estimular compra da casa própria

Na linha Pró-Cotista, 60% dos recursos serão usados na compra de unidades novas e quase metade irá para bens de até R$ 225 mil. “A Abecip tinha pedido mais recursos para habitações um pouco acima das populares, segmento no qual as incorporadoras têm estoques maiores”, afirma Gilberto Abreu, presidente da associação.

Dimmi Amora e Tássia Kastner

Atendendo a demanda do setor imobiliário, que atribui parte da queda nas vendas à escassez de crédito, o Conselho do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) liberou R$ 21,7 bilhões para financiamento da casa própria e investimento em construção. O governo estimou que o valor poderá financiar a construção de 140 mil imóveis.

Na divisão de recursos, R$ 8,2 bilhões vão para a compra de imóveis na linha Pró-Cotista e R$ 10 bilhões serão destinados à compra de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).O restante irá para produção e comercialização de imóveis novos.

Na Pró-Cotista,60% dos recursos serão usados na compra de unidades novas e quase metade irá para bens de até R$ 225 mil. “A Abecip tinha pedido mais recursos para habitações um pouco acima das populares, segmento no qual as incorporadoras têm estoques maiores”, afirma Gilberto Abreu, presidente da associação que reúne entidades de crédito imobiliário.

O dinheiro do FGTS ajudará a compensar a redução de crédito imobiliário com recursos da poupança, que financia imóveis de até R$ 750 mil. Com o aumento dos saques na caderneta R$ 53 bilhões foi a perda em 2015, os recursos para a compra da casa própria escassearam. “É lógico que a demanda é menor em ano de crise, mas o dinheiro estava menor do que a demanda”, afirma Celso Petrucci, economista-chefe Secovi (sindicato do mercado imobiliário).

“O problema de demanda acaba se potencializando quando o crédito escasseia. Quando ele volta, o problema diminui”, diz José Carlos Martins, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

Nesta semana, a Abecip informou que o valor financiado com recursos da poupança caiu 64% em janeiro quando comparado com igual mês de 2014, para R$ 3,3 bilhões.

Bancos terão R$ 10 bilhões para estruturar operações de CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários) títulos que têm como fonte de receita e garantia contratos de financiamento imobiliário.

Nessa operação, bancos poderão captar dinheiro do FGTSa 7,5% ao ano. Como dinheiro, oferecem financiamentos a clientes. O secretário-executivo do FGTS, Quenio Cerqueira, afirmou que, caso bancos peçam maisdeR$10bilhões emCRI, o valor será distribuído na proporção que as instituições têm de participação no financiamento imobiliário.

Bancos privados reclamaram, alegando que a Caixa, líder do setor, ficaria com a maior parte do dinheiro.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO