O ano de 2021 começou com a taxa básica de juros, a Selic, em sua mínima história de 2%, o que tornava mais fácil a tomada de crédito. De lá para cá, já aconteceram dois reajustes, sendo o último neste mês de maio, atingindo o patamar de 3,5%. Segundo economistas, a previsão é de novas elevações até o fim do ano. Diante disso, quem está sonhando em comprar a casa própria se pergunta: será que ainda é vantajoso financiar um imóvel nesse cenário?
Para o presidente da CrediHome, plataforma digital de crédito imobiliário, Bruno Gama, a resposta é sim. Ele argumenta que, com juros menores, imóvel financiado hoje tem quase metade do custo de um financiado há cinco anos. E, como as parcelas caíram, pessoas com rendas menores têm a possibilidade de financiar apartamentos mais caros.
— Para financiar R$ 200 mil, você tinha que ter renda familiar na faixa de R$ 8 mil ou mais. Na prática, temos agora uma inserção de milhares de famílias que não tinham acesso a esse crédito — exemplifica Gama: — Além disso, ainda não percebemos aumento relevante no preço dos imóveis. Pode ser que, em 2022, com o reaquecimento da economia, aconteça uma valorização.
O engenheiro Rafael Forster, de 30 anos, acaba de comprar um apartamento no Recreio, diretamente com a construtora. Para tomar a decisão, ele comparou o valor que pagará de juros pelo financiamento e a quantia que paga de aluguel:
— Fiz isso porque, nesses dois valores, eu não terei nenhum retorno. Os juros vão para o banco, e o aluguel, para o locador. Embora as parcelas, em princípio, estejam mais altas, o valor de juros é menor. Então, optei por financiar 60% do imóvel em 25 anos, com uma taxa de 6,7% + TR (Taxa Referencial).
Entre as linhas de crédito oferecidas pelos bancos, há as pós-fixadas, atreladas a taxas variáveis, como remuneração da poupança ou inflação, e as prefixadas, com taxas iguais do início ao fim do contrato. Como a Taxa Referencial (TR) está zerada desde 2017, algumas instituições consideram os financiamentos regulados por ela como linhas prefixadas. No entanto, isso não garante que a taxa cobrada será a mesma pelos próximos 30 anos.
Na hora de escolher o tipo de financiamento, é preciso considerar as variáveis. Gilson Oliveira, professor do MBA em Finanças do Ibmec/RJ, sugere não optar por linhas condicionadas à poupança ou ao IPCA.
— A inflação vem subindo acima do que o Banco Central esperava, e ele está tendo que elevar a Selic para controlá-la. O risco de contrair uma prestação atrelada à taxa de juros é não saber se vai continuar cabendo no orçamento.
Benefícios geram economia
Na hora de escolher o imóvel dos sonhos, além de optar entre um novo e um usado, é preciso levar em consideração benefícios adicionais que as imobiliárias oferecem, como vouchers para móveis planejados ou instalação de blindex, e que podem representar uma boa economia no fim das contas para a família.
Desde o ano passado, o presidente da Morar Mais Imobiliária, André Barros, registrou um aumento de 40% nas vendas. Além das condições favoráveis do mercado, ele atribui o crescimento às vantagens oferecidas para os lançamentos: cinco anos de garantia total.
— Se o comprador notar qualquer problema na parte elétrica ou estrutural, ele não vai ter despesas — explica.
A startup Loft, por meio de parceria com a 180º Seguros, oferece um ano de garantias contra incêndio, roubo, furto e emergências domésticas. A promoção é válida para aquisições no Rio de Janeiro, a partir de maio.
— Com o seguro, ele tem direito a serviços de instalação e revisão, além de outros como chaveiros, eletricistas, encanadores e conserto de eletrodomésticos, sem limite de uso — conta Bruno Raposo, diretor-geral de Operações da Loft: — Além disso, imóveis que são de propriedade Loft acabam entregues ao cliente prontos para morar, reformados, evitando que a pessoa se desgaste com obras no lar para onde está se mudando.
Negociação de imóvel exige cuidados
Antes de fechar o contrato, é necessário prestar atenção a questões jurídicas para não ter dor de cabeça no futuro. Em caso de compra na planta ou diretamente com a construtora, o advogado imobiliário Raphael Mançur recomenda verificar se a empresa encontra-se devidamente legalizada e se há memorial de incorporação registrado na matrícula do terreno onde foi erguido o empreendimento:
— Também é indicado descobrir e visitar outros empreendimentos da empresa para analisar as especificações dos materiais e ver a qualidade.
Outra dica do advogado é obter uma pré-aprovação de financiamento junto a algum banco para não correr o risco de o imóvel ficar pronto e não conseguir obter o crédito.
— Nunca deixe para cima da hora, até porque, caso seja aceita por parte da incorporadora ou da construtora a opção de financiar diretamente com a mesma, o financiamento será em condições mais onerosas — diz.