São Paulo - Com vários Estados brasileiros atrasando o pagamento de salários do setor público, pensões e benefícios, os bancos podem enfrentar um aumento nos prejuízos sobre os empréstimos concedidos a funcionários públicos, apontou a agência de classificação de risco Fitch.
Pagamentos atrasados a fornecedores, funcionários e pensionistas estão se tornando cada vez mais comum entre os Estados do Brasil. Diante disso, a Fitch estima que o atraso no pagamento pode levar a um aumento nos prejuízos em carteiras de crédito consignado com desconto.
Até 30% do salário de um empregado do setor público pode ser usado para atender aos empréstimos com desconto consignado. Como funcionários enfrentam um aperto de fluxo de caixa devido a pagamentos atrasados do Estado, eles são mais propensos a olhar para as alternativas de empréstimos mais caros ou mergulhar em seus depósitos de poupança, o que poderia aumentar as pressões de financiamento para os bancos estatais.
"Os empréstimos com desconto consignado representam 9% do total de empréstimos (R$ 3,2 trilhões) concedidos por bancos brasileiros no final de março de 2016. Destes, 65% dos empréstimos com desconto da folha de pagamento são para funcionários públicos e pensionistas, 33% para pensionistas pagos diretamente pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e 7% são de trabalhadores do setor privado.
O atraso em empréstimos consignados concedidos a empregados do setor público atingiu 2,7% no final de março de 2016, bem abaixo dos 5,8% em empréstimos semelhantes concedidos a empregados do setor privado.