Os preços reais de imóveis no Brasil devem cair ainda mais por causa da fraqueza da economia, afirma a Fitch Ratings. No entanto, os preços nominais devem permanecer estáveis em sua maioria, acrescenta a agência de classificação de risco.
Para a Fitch, a queda real nos preços, porém, deve ser limitada em algumas cidades brasileiras que têm pouco estoque de imóveis residenciais disponíveis.
Na análise da Fitch, o PIB brasileiro deve recuar 3,3% neste ano e se recuperar apenas de forma modesta em 2017. A alta no desemprego, as elevadas taxas de juros e o aperto fiscal também devem contribuir para manter baixa a demanda por financiamento imobiliário residencial.
Os preços reais recuaram 9% de outubro de 2015 a setembro deste ano, segundo levantamento da Fipe-Zap.
Para a agência, o alto índice de desemprego e as taxas de juros podem intensificar as retiradas da poupança que contribuem para desacelerar o crédito desse segmento. Os saques da poupança reduziram as fontes mais baratas de financiamento imobiliário não subsidiado e forçaram os bancos a reduzir o crédito e a aumentar as taxas de juros.
A Fitch observa que, entre janeiro de 2015 e junho deste ano, as aplicações líquidas na poupança recuaram 17%. Porém, no mesmo período, a média mensal de financiamento imobilário recuou 35%.
De acordo com a agência, as rendas de aluguel vão continuar a pressionar os preços de imóveis residenciais. A agência destaca que o preço médio de um apartamento em São Paulo custa cerca de 15 vezes o PIB per capita da cidade. “Investir em propriedade residencial não é atrativo e é improvável que dê sustentação aos preços”, diz a Fitch, observando que os rendimentos de aluguel são, em média, de 4% ao ano, enquanto os títulos públicos de longo prazo têm “yield” (retorno ao investidor) de cerca de 6% mais inflação.
Porém, os estoques de imóveis da maioria das áreas metropolitanas do país estão abaixo da demanda, o que deve limitar os declínios nos preços no médio e longo prazos e deve persistir enquanto a atividade de construção continuar lenta no atual ambiente de recessão e crédito apertado.
De acordo com a Fitch, os preços nominais estáveis desde o começo de 2015 têm ajudado a manter baixa a taxa de inadimplência do financiamento imobiliário tradicional. A agência também lembra que a maioria dos contratos no país não é ajustada por mudanças nos preços.