A indústria de materiais de construção ainda espera ter, em 2019, seu segundo ano de expansão do faturamento, após três quedas consecutivas, mas o aumento será menor do que o inicialmente estimado. Devido a reforma da Previdência ainda não ter sido aprovada e em função do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país no primeiro trimestre, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) reduziu sua projeção de aumento do faturamento deflacionado do setor de 2% para 1,5% neste ano.
Segundo o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, não se trata de um resultado ruim, mas de ajuste em função das "externalidades". "Esperamos que 2019 seja o ano de sustentação da reversão do sinal ocorrida no ano passado, quando o setor cresceu 1%", disse Navarro, ao Valor.
Os dados do desempenho da indústria de materiais no primeiro semestre ainda não foram consolidados, mas a sinalização é que o faturamento aumentou 2,6% de janeiro a junho, segundo a Abramat. Em junho, houve queda de 0,9% das vendas, na comparação anual, e redução de 1% em relação a maio.
Na avaliação de Navarro, as vendas de materiais da indústria para o varejo continuarão a puxar o crescimento do setor. "A redução dos depósitos compulsórios dos bancos deve injetar mais crédito na economia", diz o representante setorial. Segundo ele, levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que, em média, 57% dos materiais se destinam ao varejo.
Há expectativa de que as vendas de produtos para construtoras tenha expansão neste semestre. Em relação ao novo programa habitacional, que deve ser anunciado em breve pelo governo, Navarro diz esperar que as iniciativas reforcem o que já é feito no Minha Casa, Minha Vida e possam resultar em mais demanda por materiais. Se a reforma da Previdência for aprovada até agosto [na Câmera e Senado], o início da retomada das obras de infraestrutura pode ocorrer no quarto trimestre, no entendimento de Navarro, com a alocação de recursos para essa finalidade.
Os números da Abramat reúnem dados de todos os segmentos de materiais de construção. Recentemente, a Associação Nacional dos Fabricantes de Revestimentos Cerâmicos (Anfacer) revisou sua projeção de aumento das vendas domésticas de 5% para 3,5%, neste ano. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati) também reduziu sua estimativa de vendas de tintas imobiliárias de 3% a 3,5% para 1% a 1,5% em 2019.
Em meados de junho, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) revisou a projeção de crescimento do setor, neste ano, de 2% para 0,5%, devido à diminuição da confiança dos empresários e à reforma da Previdência ainda não ter sido aprovada.