Apesar de todo o holofote no setor e expectativa positiva do mercado em relação ao setor imobiliário, a BRKB, administradora do Fundo de Investimento Imobiliário Panamby, reavaliou o valor de terrenos de seu portfólio, o que fez o valor patrimonial das cotas ficar no negativo. Dentre os afetados, estão investidores pesos pesados como os fundos de pensão Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, Petros, da Petrobras, Valia, da Vale, e Infraprev, da Infraero, além da empresa do Bradesco na área de títulos de capitalização. Há ainda quase 400 pessoas físicas.
Invertida. Com a reavaliação do valor dos terrenos, foi necessária uma provisão de mais de R$ 195 milhões, a qual reduziu drasticamente o valor patrimonial da cota do fundo: passou de R$ 250,944197 para – R$ 7,358314 (negativo). A cota do fundo, contudo, subiu quase 30% em um ano e vale, conforme o fechamento de ontem, R$ 26. A BRKB informou que essa medida foi necessária por conta “da deterioração das perspectivas de realização dos referidos terrenos e recebíveis”, em função das tentativas para aprovação dos projetos imobiliários junto aos órgãos municipais, sem ter resposta formal, até o momento, por parte da Prefeitura de São Paulo”.
No papel. Conforme o regulamento do fundo, o seu objetivo é “a aquisição de vários terrenos localizados na Marginal Oeste do Rio Pinheiros, vinculados aos projetos denominados Panamby e Villaggio Panamby”. Depois disso, a intenção era o de desenvolvimento imobiliário e comercialização junto a incorporadores. Até hoje, contudo, os projetos não evoluíram, conforme já estava evidenciado no último demonstrativo financeiro disponibilizado, de 2018.
Com tinta. O documento da BRKB lembra ainda que os investidores deveriam estar cientes de riscos, tal como a “iminência ou ocorrência de alterações na conjuntura econômica, política, financeira, fiscal, e regulatória que afere de forma adversa o preço dos imóveis”. A administradora é controlada indiretamente pela Brookfield Asset Management, empresa global com um portfólio de cerca de US$ 510 bilhões em ativos sob gestão em todo o mundo.
Caramujo. Mas foi em 2018 que a Justiça federal barrou construção de um megaempreendimento com prédios residenciais, comerciais e um hotel em área remanescente de Mata Atlântica na frente do Parque Burle Marx, no Panamby. Um dos motivos era que havia risco a espécies ameaçadas de extinção, como um caramujo que só existe no local. A decisão da época acolhia parcialmente uma ação civil pública movida em maio de 2017 pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o Fundo Imobiliário Panamby, BRKB Distribuidora de Títulos e Valores Imobiliários S/A e a Cyrela Vermont de Investimentos Imobiliários, donos do terreno.