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29/08/2016

Fundo imobiliário tem valorização de 24,7%

O giro de negócios fica de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões por dia na Bolsa.

São Paulo - O índice de fundos imobiliários (Ifix) - que reúne as 70 cotas mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) - apresenta valorização de 24,7% no ano até a última sexta-feira, quando renovou sua máxima do período e atingiu 1.758 pontos.

Mesmo com a escalada no ano, o investimento em cotas imobiliárias ainda perde para a renda fixa, considerando o período de recessão dos últimos quatro trimestres.

A pessoa física que aplicou R$ 1 mil em cotas do Ifix no final de agosto de 2014 possui hoje - dois anos depois - a quantia de R$ 1.244 enquanto quem aplicou o mesmo valor num fundo de renda fixa de curto prazo e de risco soberano (concentrado em títulos públicos) acumulou o valor de R$ 1.280.

Segundo especialistas no setor imobiliário consultados pelo DCI, a perspectiva atual é bem diferente da ocorrida na virada de 2015 para 2016 quando as cotas apresentaram fortes perdas quando um projeto (depois engavetado) do governo pretendia aumentar os tributos sobre rendimentos em diversas categorias de investimentos.

"Naquele momento teve cota de fundo que chegou a perder mais de 50%. Hoje, esse segmento começa a recuperar-se", diz o gestor de investimentos da Concórdia Corretora, Mauro Mattes.

O gestor prevê que com a possibilidade de redução dos juros básicos (hoje em 14,25% ao ano), a rentabilidade futura dos fundos imobiliários poderá se apoiar num ciclo virtuoso da economia. "São três pilares: juros mais baixos, oferta maior de crédito e crescimento econômico", argumentou.

Sobre oportunidades, Mattes considera que algumas categorias de carteiras podem apresentar ganhos mais resistentes: fundos imobiliários de papéis com certificados de recebíveis (CRI) e letras de crédito (LCI); locação comercial (lajes corporativas); galpões logísticos; carteiras híbridas; e fundos de desenvolvimento de empreendimentos. "Alguns fundos de papéis estão com a rentabilidade indexada na inflação, IGP-M e IPCA", disse.

Segundo dados da BM&FBovespa, o segmento de fundos imobiliários que já foi dominado (99%) por investidores pessoas físicas locais, agora conta com a presença de estrangeiros e de investidores institucionais (15%). O giro de negócios fica de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões por dia na Bolsa.

Novo ciclo dos imóveis - Para o consultor e ex-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Luiz Antônio França, é possível visualizar um novo ciclo do setor imobiliário, com a perspectiva de queda de juros e da volta da confiança na economia.

"Não vai ter um boom, mas o mercado imobiliário deve voltar a ter algum movimento em 2017. É um bom momento para o comprador, se encontra descontos. Nos fundos de venda de aluguel, as cotas já refletem uma reprecificação", assegura Luiz Antônio França.

Em linha semelhante, o CEO da Engebanc Real Estate, Marcelo da Costa Santos afirma que o pior da crise já ficou no passado. "Há uma mudança de humor para melhor de clientes da área industrial. Na área de logística [galpões logísticos] se começa a desengavetar projetos", aponta o executivo.

Mas Santos lembrou que a movimentação na categoria de escritórios ainda foi negativa no primeiro semestre de 2016. "Aquela euforia [da bolha imobiliária] nunca mais. Em escritórios, ainda vai demorar um tempo para melhorar. Não se está vendo grandes transações. Mas tem estrangeiro e local com interesse", diz Santos.

Embora considere que exista no momento uma superoferta na zona sul da cidade de São Paulo, Santos, da Engebanc, vê as oportunidades no principal centro da América Latina.

A baixa do preço dos imóveis também atraiu estrangeiros ao mercado brasileiro. "Estou mais otimista e vai voltar a entrar capital de fora depois do impeachment e há investidores de pequeno e médio porte pesquisando por salas comerciais e imóveis prontos locados", disse Marcelo Lara, empresário do ramo imobiliário.

FONTE: DCI