Assis Moreira | De Paris
O grupo PGGM, que faz a gestão de € 186,6 bilhões de ativos de fundos de pensão holandeses, considera o Brasil como um dos locais de oportunidades para continuar descarbonizando seu portfólio de investimentos.
Em entrevista ao Valor, o diretor de gestão de investimentos do grupo, Eloy Lindeijer, informou que tem meta fixa de € 1 bilhão de investimentos no Brasil, normalmente aplicados em títulos públicos, ações e private equity.
Agora, o PGGM está "buscando ativamente oportunidades no setor imobiliário" do país, disse o executivo à margem da Conferência do Clima, em Paris.
"Queremos comprar mais no Brasil, mas só focamos em imobiliário sustentável", afirmou Lindeijer. "Adquirimos escritórios que [facilitam] a renovação para tecnologia mais eficiente de energia, por exemplo."
Com as dificuldades provocadas na economia brasileira pela queda de preço de commodities, no rastro da desaceleração da China, ele vê muitas ofertas de vendas de imóveis no país.
Para Lindeijer, a crise econômica e política não altera os planos do PGGM de manter o país como um destino de capital para a América Latina, ao lado do México.
O PGGM decidiu não iniciar seu próprio litígio contra a Petrobras, mas se considera parte de uma ação coletiva ("class action") que pede reparação bilionária à estatal pelas perdas dos acionistas acumuladas entre 2010 e 2014. "Não temos informações sobre a forma como esse processo está progredindo", diz.
O executivo estima que a perda do grau de investimento pelo Brasil por uma agência de classificação de risco "não é problema" e nem tem efeito imediato na decisão de investimentos no país. "Perdemos dinheiro no Brasil, mas não nos inquietamos muito, porque estamos convictos de que no longo prazo nossa aposta é boa na economia brasileira", disse Lindeijer.
Segundo Lindeijer, o PGGM vendeu parte de seu portfólio quando o real estava forte e a bolsa em alta, e agora está voltando a comprar em quantidade maior num mercado em baixa.
Por sua vez, Ruppert Edwards, analista sênior de finanças da Forest Trend, entidade que tem como membros companhias de produtos florestais, grupos de pesquisa, bancos de desenvolvimento e fundos privados de investimento, aponta limites da chamada descarbonização dos portfólios financeiros.
"Investidores em green bonds, por exemplo, querem investir em bonds, ponto", disse. "Um fundo de pensão está focado no rendimento que vai obter, no rating de crédito da empresa ou país, na liquidez do papel que compra."