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09/08/2016

Fundos captam no ano R$ 49,1 bi, em ritmo abaixo do esperado

Em julho, o setor atraiu R$ 9,6 bilhões, com os ingressos líquidos no ano chegando a R$ 49,1 bilhões

Os fundos de investimentos vêm recuperando captação neste ano, mas o desempenho ainda é fraco e mostra um investidor reticente, em modo "espera", segundo Carlos Ambrósio, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Em julho, o setor atraiu R$ 9,6 bilhões, com os ingressos líquidos no ano chegando a R$ 49,1 bilhões. Em julho de 2015, o setor tinha observado resgates de R$ 11,2 bilhões, com uma captação de R$ 22,3 bilhões nos primeiros sete meses do ano.

Em comparação ao patrimônio líquido reunido pelo setor, de R$ 3,250 trilhões ao fim de julho, a captação líquida no ano equivale a 1,66% do bolo, o que quer dizer que, no conjunto, os diversos tipos de fundos não crescem nem a variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), de 7,9%, referência de desempenho para a maior parte dos portfólios.

"Com o quadro incerto, há uma certa retração ao risco, o investidor privilegia o curto prazo e há impacto para todas as categorias", diz Ambrósio, também sócio e executivo-chefe da gestora Claritas, ligada ao americano Principal Financial Group (PFG). "Mas o fluxo, gradualmente, começa a voltar".

Os fundos de renda fixa receberam em julho R$ 5,9 bilhões líquidos, com os ingressos no ano em R$ 26,8 bilhões, em comparação aos R$ 24 bilhões registrados entre janeiro de julho de 2015. Os multimercados perderam R$ 2,9 bilhões no mês passado, mas em 2016 a conta ainda é positiva em R$ 1,8 bilhão. No acumulado dos primeiro sete meses de 2015, essas carteiras tiveram saques de R$ 24,6 bilhões.

Ambrósio observa uma menor concorrência de títulos isentos, como letras de crédito imobiliário e do agronegócio ou certificados de recebíveis, emissões que rechearam a carteira da pessoa física no ano passado. Agora, com o lastro mais escasso para estruturar essas operações em meio a um mercado de crédito menos ativo, a percepção é que há um certo equilíbrio no direcionamento dos recursos.

Os bilionários recursos sacados da caderneta, com saídas líquidas de R$ 43,7 bilhões até julho, também não vêm sendo endereçados aos fundos. "No caso da poupança, as pessoas estão usando suas economias para despesas correntes, enquanto os fundos não crescem no ritmo esperado porque não há geração de riqueza".

Os fundos de ações ainda estão no vermelho, com saques de R$ 400 milhões em julho e de R$ 6,3 bilhões no ano, apesar de a rentabilidade nas diversas categorias ser superior a 20% em 2016.

Na distribuição de ativos, 69% do patrimônio estava em maio - último dado disponível - em títulos públicos federais ou em operações compromissadas. Ambrosio explica que essa fatia é a parcela liquidamente investida pelo setor, pois a foto não inclui a exposição a risco em derivativos, por exemplo. A alocação em renda variável representava 8,7%, de uma participação que beirou os 15% nos anos em que o Brasil exibia juro de um dígito.

FONTE: VALOR ONLINE