Por Guilherme Guilherme
Os bairros de Pinheiros e Lapa representaram cerca de um terço de todos os negócios realizados por fundos imobiliários na cidade de São Paulo em 2022, segundo levantamento da Manchester Investimentos. A conta considerou apenas as transações envolvendo prédios prontos, em construção ou adquiridos para retrofit. Ao todo, foram feitos 348 negócios na capital paulista seguindo esses moldes.
Pinheiros foi o bairro com o maior número de negócios no ano, 69, enquanto na Lapa foram realizados 50. "A maioria dos negócios em Pinheiros e Lapa foi residencial. Há muita oportunidade de revenda das unidades", disse Guilherme Palma, especialista de FIIs da Manchester e responsável pelo levantamento.
"Pinheiros é um bairro bem centralizado em São Paulo, com uma ótima infraestrutura de transporte, serviços, restaurantes e comércios. Então, a demanda por imóveis residenciais é enorme. O bairro mudou bastante com a chegada da Linha Amarela do Metrô [há uma década]", afirmou Daniel Takase, head de escritórios e imóveis de uso misto da gestora Tellus.
Já na Lapa, Takase comenta que a estrutura do bairro tem permitido a chegada de novos projetos, tendo como diferencial o valor de locação. "Tem muitos prédios novos que, inclusive, precisam ser alugados. Então, eles acabam tendo um preço competitivo em relação aos de outras regiões. Isso favorece a chegada de novos inquilinos."
Apesar da força do mercado residencial, Palma notou um menor número de negócios envolvendo imóveis corporativos no ano passado. Além do juro alto, disse, os preços elevados em áreas nobres da capital paulista têm desencorajado aquisições. "Temos visto a região da Faria Lima na casa de R$ 50 mil por m², o que anos atrás era inimaginável", comentou Palma.
Faltam escritórios na Faria Lima
A esses fatores, Gustavo Rassi, gestor da CY Capital, atribuiu o menor ritmo do mercado de lajes corporativas ao atípico 2022. O ano, marcado pela alta de juros e incertezas políticas, também foi desafiador para o setor, afirmou. "Como o gestor quer fazer bons investimentos, tudo depende do preço de entrada."
Apesar dos preços elevados, a alta demanda pelo eixo Faria Lima-Pinheiros tem permanecido elevado, se traduzindo em baixos níveis de vacância. "Falta escritório na Faria Lima e já não há mais potencial de construção. Naturalmente, tudo isso pressiona valor de imóveis Triple A na região. Em Pinheiros, a vacância é de menos de 4%", disse Takase.
Na Vila Olímpia e Itaim Bibi, bairros que abrangem parte da Avenida Faria Lima, foram feitos ao todo 34 negócios por fundos imobiliários em 2022.
Em regiões mais afastadas do centro empresarial de São Paulo a vacância de lajes corporativas chega a 30%. Esse é o caso da região da Avenida Chucri Zaidan, próximo ao Morumbi Shopping, disse Takase. No Brooklin, bairro da avenida, foram feitos sete negócios.
(Matéria publicada em 26/01/2023)