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18/05/2023

Gafisa compra hotel na Av. Vieira Souto por R$ 180 milhões para fazer empreendimento de luxo — e não será residencial (O Globo)

Um prédio de 17 andares em um dos endereços mais caros do país — a Avenida Vieira Souto — acaba de mudar de mãos. A Gafisa concluiu a aquisição do Praia Ipanema, hotel de quatro estrelas que funcionou por 42 anos

Por Rennan Setti

 

Um prédio de 17 andares em um dos endereços mais caros do país — a Avenida Vieira Souto — acaba de mudar de mãos. A Gafisa concluiu a aquisição do Praia Ipanema, hotel de quatro estrelas que funcionou por 42 anos no número 706, a um passo do Jardim de Alah. A coluna apurou que a construtora controlada por Nelson Tanure pagou cerca de R$ 180 milhões pelo edifício da família Chami.

 

O hotel parou de funcionar na última sexta-feira, e o plano da nova proprietária é fazer uma “remodelagem” arquitetônica para transformá-lo em um empreedimento de “alto luxo”, nas palavras dos executivos da Gafisa. Mas, surpreendentemente, a ideia da incorporadora não é tornar o Praia Ipanema em um residencial, seu filão tradicional.

 

O processo de compra do edifício foi iniciado ainda no fim de 2021, pela incorporadora Bait, especializada em residenciais na Zona Sul do Rio. Poucos meses depois, a Gafisa comprou a Bait, ficando com o direito de concluir a transação. A própria Bait anunciou no início das tratativas que o hotel custaria R$ 180 milhões, e a coluna apurou com fontes de mercado que o valor foi de fato esse. (A Gafisa não quis informar quanto pagou pelo prédio).

Ofensiva de frente para o mar

 

A cifra é muito próxima à projeção de valor feita pela ferramenta RioM2. A plataforma calcula um preço estimado de R$ 178 milhões com base no valor médio do metro quadrado das transações imobiliárias realizadas na Av. Vieira Souto nos últimos cinco anos.

— A transação faz parte da estratégia da Gafisa de focar exclusivamente no mercado de luxo. Nesse segmento, a localização é talvez o atributo mais importante, já que é irreplicável. E a localização do Praia Ipanema, com um “rooftop” com visão livre de 360 graus, do oceano à Lagoa, é inigualável pros nossos planos. E também será nosso quinto projeto em andamento de frente para o mar no Rio. De frente para o mar, você atrai um público maior — conta à coluna Luis Ortiz, vice-presidente de negócios.

 

O executivo se refere aos empreendimentos Tom Delfim Moreira (na praia do Leblon), Canto Mar (Arpoador), Cyano (Barra da Tijuca) e Atlantico (Copacabana). Apenas o último já foi totalmente vendido, e, no Tom, apenas um apartamento ainda está disponível.

Vocação hoteleira

A Gafisa faz mistério sobre o destino do edifício, mas dá a entender que o plano será mesclar sua finalidade hoteleira com aspectos de um residencial de luxo. A Atlantica Hospitality, segunda maior rede hoteleira do país e operadora de marcas como Hilton e Comfort, por exemplo, vem investindo na locação de imóveis residenciais para curta temporada e também no Airbnb.

 

— Será um projeto não-residencial. Vai continuar sendo um hotel, um empreendimento com base hoteleira, mas estamos formatando um modelo de negócios que é inovador. Os detalhes ainda não estão fechados — limitou-se a dizer Frederico Kessler, diretor-executivo de incorporação da Gafisa, dizendo que o plano é lançar o empreendimento ainda este ano e começar uma bateria de reformas para acrescentar atributos de luxo.

Uma das alavancas do projeto será o “rooftop” com vista panorâmica livre dos principais pontos turísticos da Zona Sul. No espaço costumava funcionar o restaurante 7zero6.

— O que a gente quer é potencializar esse “rooftop”, fazer dele o mais importante do Rio. Um dos “drivers” do empreendimento é o caráter “instagramável” dessa parte do prédio — acrescentou Ortiz.

 

Família vai focar em novos projetos

 

O hotel foi construído no fim dos anos 1970 e começou a operar em 1982, sempre nas mãos da família Chami. Segundo o clã, a terceira geração — descendentes do empresário libanês Nicolau Chami — vinha tocando o negócio nas últimas duas décadas.

“Era uma empresa familiar profissionalizada e, hoje, culmina com a venda para que a família possa se engajar com novos projetos”, disse a família, em nota enviada à coluna.

“Encerramos em um dos melhores momentos do hotel”, acrescenta Tatiana Chami, uma das administradoras, no comunicado. 

FONTE: O GLOBO