A Gafisa já começou a renegociação de suas dívidas com quatro grandes bancos, segundo antecipou o presidente da incorporadora, Roberto Portella, em entrevista ao Broadcast. O executivo preferiu não nominar quais são as instituições financeiras, mas afirmou que espera chegar logo a um acordo.
"Nossas considerações e propostas estão muito bem encaminhadas. Espero realizar um acordo em um prazo curto. Entre 30 e 60 dias espero ter boas notícias", estimou.
A liquidez da Gafisa no fim do primeiro trimestre ficou mais apertada, conforme mostrou seu balanço. A companhia acumulou mais dívidas com vencimento no curto prazo do que dinheiro em caixa para honrar os compromissos.
A dívida bruta com vencimento em 12 meses seguintes soma R$ 283,8 milhões, incluindo debêntures, capital de giro e financiamento à produção. Por outro lado, as disponibilidades de recursos no caixa são de R$ 63,1 milhões. Além da renegociação das dívidas bancárias, a companhia tem o desafio de acelerar as vendas para gerar caixa.
Hoje a companhia está entregando a obra do prédio residencial 'Choice', localizado em Santo Amaro, na zona sul da cidade de São Paulo. O projeto é composto por 227 apartamentos de médio padrão (preços em torno de R$ 7 mil por metro quadrado) sendo que 80% já foram vendidos. Este foi o 1.164º prédio concluído em toda a história da Gafisa.
Agora a empresa tem 13 canteiros de obras em andamento, com três entregas previstas para ocorrerem ainda em 2019 ou começo de 2020. Do total, 12 obras ficam em São Paulo e estão dentro do prazo de entrega, contando a carência de seis meses prevista em lei.
A gestão anterior da incorporadora, sob o comando da GWI, do investidor Mu Hak You, mandou parar as obras diante da falta de dinheiro, relembra Portella. "Nós já retomamos todas as obras, mas o ritmo ainda leva algum tempo para voltar ao normal", explicou.
Há também um empreendimento comercial em Curitiba onde a Gafisa está buscando parceiro para finalização. Esse projeto abrange cinco torres, das quais três já foram erguidas, uma está em obra e outra ainda será iniciada.
Portella comentou ainda que a Gafisa tem sentido os efeitos da conjuntura adversa. "O movimento nos estandes está aquém do esperado", avaliou. Ainda assim, ele disse que a expectativa é de vendas maiores no segundo trimestre em comparação com o primeiro trimestre, quando a comercialização foi afetada pelas turbulências vividas pela gestão anterior.