O balanço divulgado pela Gafisa na noite de quinta-feira deixou ainda mais explícita a necessidade de entrada de recursos de curto prazo na companhia. Da dívida total de R$ 889,4 milhões do fim de 2018, 39% vencem até dezembro deste ano. A alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido ficou em 153%, ante 87,8% no fim de setembro. No quarto trimestre, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 297 milhões, impactado, negativamente, por R$ 276 milhões de "impairments" (baixas contábeis) em valores de terrenos e estoques, ágio de remensuração de investimentos em Alphaville Urbanismo e despesas com demandas judiciais.
O aumento do limite do capital autorizado da Gafisa será votado em assembleia geral extraordinária (AGE), no próximo dia 15, assim como a contratação de banco ou consultoria para elaboração de novo plano estratégico para a companhia. O investidor Nelson Tanure negocia sua entrada na Gafisa com aporte em aumento de capital. Segundo fonte, uma das possibilidades em discussão é que Tanure participe da operação também por meio de terrenos.
O Valor apurou que a incorporadora está buscando outros investidores locais, além de estrangeiros para a capitalização. Conforme outra fonte, Tanure também estaria se movimentando para buscar parceiros. Procurada, a Gafisa preferiu não se manifestar.
Na sexta-feira, em teleconferência com analistas e investidores, o novo presidente da Gafisa, Roberto Portella, afirmou que o aumento de capital é estimado para este semestre e citou que a incorporadora vai rever produtos e identificar atividades que devem merecer mais atenção. Portella assumiu o cargo na quinta-feira.
As principais acionistas da Gafisa - Planner Corretora de Valores e Planner Redwood Asset Management - propõem a expansão da atuação da incorporadora. Segundo fonte, a Gafisa poderá criar novas unidades de negócios e vendê-las posteriormente. O Valor apurou que a Gafisa está buscando, no mercado, time de executivos com experiência do setor para a gestão da companhia na nova fase.
