A Gafisa está paralisando as obras de 10 de seus 15 canteiros, sem data para retorno, segundo apurou o Broadcast com fontes do mercado. A ordem para interrupção dos trabalhados já foi repassada pela direção da incorporadora aos funcionários próprios que atuam nas obras e aos empreiteiros, que são terceirizados. Procurada pela reportagem, a companhia não se manifestou.
O motivo para a parada dos trabalhos é a falta de dinheiro no caixa após as vendas despencarem no fim do ano passado, segundo apurou o Broadcast. As vendas líquidas (já descontados os distratos) da Gafisa somaram apenas R$ 95 milhões no quarto trimestre de 2018, o pior resultado da companhia no ano. Antes disso, ela registrou R$ 136 milhões no terceiro trimestre, R$ 346 milhões no segundo trimestre e R$ 236 milhões no primeiro trimestre.
A piora nos negócios da Gafisa reforça o alerta sobre a saúde da empresa, pois veio na contramão do mercado imobiliário, que mostrou reação no fim do ano. Concorrentes como Cyrela, Eztec e Even registraram um salto nas vendas de imóveis e se disseram otimistas para iniciar novos projetos.
A explicação para o desempenho ruim da Gafisa está na estratégia adotada pela nova direção da empresa, que assumiu o posto no fim de setembro, por indicação da gestora de recursos GWI, do investidor Mu Hak You. A GWI se tornou a principal acionista da incorporadora nos últimos meses, chegando a 50,17% de participação. Enquanto comprava mais ações, destituiu o antigo conselho de administração e demitiu todos os principais executivos.
Sob comando da diretora-presidente Ana Recart, ex-funcionária da GWI, a Gafisa optou por alterar as tabelas de preços dos imóveis e outras condições de vendas com o objetivo de aumentar a rentabilidade. Entre as medidas adotadas, a incorporadora aumentou o porcentual de entrada paga pelos clientes no momento da compra. O resultado até aqui foi a queda brusca nos negócios, enquanto as concorrentes deslancharam.
A Gafisa tem 15 canteiros com obras em andamento e quatro projetos com obras programadas para começarem neste ano. Todos estavam dentro do prazo de entrega previsto em contrato, segundo relatou a empresa no último balanço. Os 10 empreendimentos que terão os trabalhos interrompidos são: Moov Cerâmica, Moov Freguesia, Moov Parque Maia, Moov Vila Prudente, Moov Brás, Like Alto da Boa Vista, Upside Pinheiros, Square Ipiranga, J330 e MN15. Os cinco projetos remanescentes terão as obras mantidas porque estão bem perto da entrega ou são tocados junto com incorporadoras parceiras.