Ao que tudo indica, a queda na taxa básica de juros, a consequente reação de bancos para tornar as opções de financiamento mais atrativas, além da mudança na relação das pessoas com suas casas, vêm se refletindo na busca por novas opções de imóveis. É o que mostra uma pesquisa online exclusiva do Google entre os dias 3 e 5 de agosto.
Segundo o levantamento, feito com 1.000 pessoas que se mudaram nos últimos seis meses ou pretendem se mudar no próximo semestre, o volume de pesquisas sobre o tema, que havia caído 3% entre março e abril em relação ao mesmo período do ano passado, cresceu 39% em agosto. “Esse índice é maior até mesmo do volume registrado em janeiro, considerado o mês de maior sazonalidade para o segmento de imóveis e que, normalmente, registra 27% mais buscas que a média do ano”, explica Gustavo Souza, diretor de negócios para serviços do Google Brasil.
“Casas para alugar”
A pesquisa mostra também um crescimento considerável em agosto deste ano em comparação com agosto do ano passado nas buscas por imobiliárias (+33,2%), classificados (+30,2%) e incorporadoras (+23,7%). Mas o grande destaque ficou por conta do termo “casas para alugar” – o mais buscado do mercado, com um aumento de 668%.
Em relação ao mês de julho, houve um crescimento significativo na procura por aluguel (+66,69%) e compra/venda (+66,73). O interesse, segundo o Google, vem acompanhado por outros temas correlacionados, como financiamento imobiliário e programas de governo como o Minha Casa Minha Vida (atual Casa Verde e Amarela), cujas buscas cresceram 40% em agosto.
Enquanto isso, a categoria de “aluguel por temporada” segue com demanda retraída quando comparada com o último ano (-1%), mas reage às medidas de flexibilização. Em agosto, as buscas cresceram 27% em relação a julho, quando a demanda normalmente é mais alta por causa das férias escolares.
Por que mudar?
Os resultados da pesquisa feita pelo Google mostram que a casa própria continua sendo o sonho do brasileiro, mas outros fatores também influenciam na decisão de mudar de imóvel, como um espaço que não atende mais às necessidades (28%); o sonho da casa própria (25%), a falta de condições financeiras para seguir no imóvel (22%), o crescimento da família (15%) e a mudança de emprego (15%).
A mudança na relação das pessoas com suas casas também fica evidente no recorte que traz os termos relacionados às buscas por “em casa”. Nessa categoria, as buscas que mais cresceram entre março e agosto em relação ao período pré-pandemia foram “estudar em casa” (6.000%), “cozinhar em casa” (320%), “treinar em casa” (300%), “trabalhar em casa” (26%) e, claro, “ficar em casa” (mais de 200x).
As opções de lazer também precisaram ser reinventadas por causa do confinamento. A procura por churrasqueira cresceu 110% em agosto em relação ao ano passado, assim como piscina (93%) e varanda (63%). “Com o distanciamento social, a relação com a casa trouxe muitos novos significados e necessidades funcionais: passou a ser o local de trabalho, estudo, exercícios e de contínua atenção, seja pela necessidade de assumir as tarefas domésticas, seja para cuidar das famílias em um regime de 24 horas por dia, sete dias por semana”, diz Souza. “Isso gerou uma forte necessidade de aprendizado para adaptar rotinas que antes não eram feitas em casa à nossa nova realidade.”