- A greve dos bancários ampliou a queda na concessão de crédito pelos bancos em setembro, principalmente, das modalidades imobiliário, consignado e de veículos, informou ontem o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.
Neste ano, a paralisação, que teve início no mês passado, durou 31 dias, com retorno dos bancários ao trabalho no último dia 7.
A greve afetou principalmente as modalidades em que é preciso negociar a liberação do crédito nas agências bancárias. Em setembro, as concessões do consignado (com parcelas descontadas diretamente na folha de pagamento) caíram 24,4%. O financiamento para a compra de veículos caiu 8,5%. No caso do empréstimo imobiliário, as liberações recuaram 24,2%.
"Essa é uma concessão [de crédito imobiliário] que tem um trâmite mais demorado, que exige a presença do solicitante nas agências mais de uma vez. Uma agência fechada interrompe todos esses processos. Ano passado foi afetado de uma forma bem mais modesta, tinha recuado 4%, mas este ano afetou de forma significativa", disse Maciel.
No total, as concessões de crédito de todas as modalidades caíram 7,2% em setembro em relação a agosto deste ano para pessoas físicas.
Maciel ponderou, entretanto, que financiamentos seguirão em tendência de desaceleração mesmo sem a greve dos bancários. "A tendência é desaceleração, com expectativa de retração no ano. O crédito não irá liderar o movimento de reação da atividade econômica, mas tem como contribuir nesse processo", disse Maciel.
No mês passado, o BC divulgou sua projeção para o saldo das operações este ano. Segundo estimativa do BC, os bancos vão registrar este ano a primeira queda, na série histórica, iniciada em março de 2007. O recuou deve ser de 2%.
Em setembro, o saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos caiu 0,2% em relação a agosto e ficou em R$ 3,109 trilhões. Em 12 meses encerrados em setembro, o saldo das operações de crédito caiu 1,7%.
Juros e dívidas - Maciel também afirmou que não há uma previsão de quando o efeito da redução da taxa básica, a Selic, será sentido nos juros cobrados dos consumidores. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual para 14% ao ano.
Em setembro, a taxa média de juros cobrada de pessoas físicas subiu para 73,3% ao ano e do cheque especial (324,9%) e do cartão de crédito (480,3%) bateram novo recorde.
Por conta desses juros altos, mesmo com a estabilidade da inadimplência entre agosto para setembro, em 5,9%, essas dívidas em atraso no Brasil seguem fortes.