Por Ana Luiza Tieghi
Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), coletados em 207 cidades do país, mostram que os lançamentos imobiliários recuaram 8,6% em 2022, na comparação com o ano anterior. Foram 295,4 mil unidades. As vendas também caíram, em 3,2%, para 304,4 mil unidades.
A queda foi maior no segmento econômico, que envolve os imóveis do Casa Verde e Amarela (atual Minha Casa, Minha Vida). A queda nos lançamentos econômicos foi de 23,9% no ano, enquanto as vendas recuaram 13,5%. Foram lançadas 109,3 mil unidades e vendidas 130,6 mil.
A oferta final de unidades do CVA caiu 32,9% em 2022. No geral dos imóveis novos, a oferta diminuiu apenas 3,4%.
De acordo com a entidade, a redução brusca nos lançamentos e vendas do CVA foi causada pelo descasamento entre o custo de produção desses imóveis, que subiu desde o começo da pandemia, o valor máximo permitido para a venda das unidades no programa e a renda das famílias. Isso fez com que as incorporadoras optassem por segurar novos projetos. Menos lançamentos puxaram a queda nas vendas.
Houve reajustes no programa ao longo de 2022, mas seus resultados chegaram tarde e não foram suficientes para mudar o quadro anual. No quarto trimestre, os lançamentos cresceram 22,1% em relação ao trimestre finalizado em outubro. As vendas caíram 3,3% no mesmo período.
Há expectativa de que a situação comece a mudar neste ano, com as alterações no programa já em curso e com o relançamento do MCMV e as promessas do governo Lula de ampliar o foco na habitação popular.
A previsão é menos otimista para os imóveis de médio padrão. O segmento é dependente de financiamento imobiliário com recursos da poupança (os empréstimos do MCMV são ligados ao FGTS), e a Cbic prevê um ano difícil para essas operações, se comparado com os últimos anos. “As perdas nos saldos da caderneta de poupança farão com que os bancos sejam mais seletivos”, afirma a entidade. A Cbic ressalta ainda que as taxas de juros estão em viés de alta, por causa dos custos de captação. Com a Selic mantida em 13,75%, a retirada de recursos da poupança deve continuar.
Em evento realizado no início do mês, o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Ramos Rocha Neto, já havia dito que 2023 deveria ser o “terceiro melhor ano” do segmento, com recuo de desempenho sobre 2021 e 2022.
O preço médio das unidades novas no país ficou em R$ 146,3 mil em dezembro, ante R$ 131 mil no mesmo mês de 2021, alta de 11,6%.