A gestora de recursos Hedge Investments pretende dar início, no segundo semestre, à captação por meio de fundos - no total de R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão -, a ser realizada em 18 meses, para investimentos no mercado imobiliário. A intenção é levantar esses recursos com investidores nacionais e estrangeiros, para aquisição de ativos de galpões, lajes corporativas e shopping centers.
No segmento de fundos lastreados em fundos, a gestora anunciará, em um mês, captação de R$ 1 bilhão. A Hedge tem cerca de R$ 1,5 bilhão sob gestão.
André Freitas, sócio da Hedge, espera que a retomada do setor imobiliário ocorra, primeiramente, no seguimento de galpões, com possibilidade de início no fim do ano. Segundo Freitas, já começa a haver procura por projetos construídos sob medida (build to suit) por parte de potenciais ocupantes. "Com a recessão em 2015 e 2016, muitos projetos ficaram na gaveta, mas a procura por build to suit está aumentando", diz. A Hedge já começou a avaliar portfólios de galpões para investimento.
De acordo com Freitas, a vacância em edifícios corporativos ainda crescerá, neste ano, na cidade de São Paulo, com entrega de novas áreas de quase 400 mil metros quadrados. Alexandre Machado, outro sócio da Hedge, ressalta que, embora a absorção líquida - diferença entre a contratação e a devolução de espaços - esteja muito baixa, é grande a absorção bruta devido à migração de inquilinos para áreas de melhor qualidade, movimento conhecido como "flight to quality".
A Hedge espera melhora do mercado de escritórios em dois anos, mas avalia que isso pode começar antes, em 2018, para lajes de padrão triple A. A expectativa para o segmento de shopping centers é que a recuperação ocorra em três anos. No curto prazo, o mercado residencial não interessa à gestora.
Cada fundo a ser captado a partir da segunda metade do ano será direcionado para um segmento do mercado imobiliário. O formato possibilita, de acordo com Machado, que cada investidor tenha liberdade para definir em qual deles pretende entrar.
A Hedge tem cinco sócios - Freitas, Machado, Cecilia Andrade, João Phelipe Toazza e Mauro Dahruj. Todos faziam parte da Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG) e, com exceção de Dahruj, trabalham juntos desde que a Hedging-Griffo era uma empresa independente.
Em março, Machado, Cecília, Toazza e Dahruj saíram da CSHG para se associar a Freitas, que havia adquirido 90% da Hedge em dezembro de 2016. No total, a gestora tem 11 pessoas originadas da CSHG. A Hedge informa que assumiu também 20% dos ativos que estavam sob gestão dos fundos de investimento imobiliário (FII) da CSHG.
A Hedge avalia que ainda há oportunidade de valorização de FIIS. Nas estimativas de Freitas, a indústria de fundos deve dobrar de tamanho em cinco anos. A gestora pretende dar início, posteriormente, também à administração (controladoria, cálculo de cotas, captação e resgates) dos fundos que tem sob gestão.
Segundo Freitas, as expectativas em relação à economia e ao setor imobiliário estão mantidas, apesar do acirramento da crise política brasileira nas últimas semanas. O sócio da Hedge pondera que aumentaram os prazos para que as mudanças ocorram e para a tomada de decisão pelos investidores. Freitas diz acreditar que as reformas serão aprovadas, mas "com um pouco mais de flexibilidade" e que não se sabe quando. "As reformas vão permitir que os empresários voltem a investir", diz.
Na avaliação de Freitas, o presidente da República, Michel Temer, continuará à frente do país, como "representante de uma coalizão no governo".