Notícias

17/03/2016

Horn, da Cyrela, diz que setor precisa de expansão gradual

O mercado imobiliário vive momento de "desânimo grande", segundo o presidente do conselho de administração da Cyrela e fundador da companhia, Elie Horn, que atua no setor desde a década de 1960. Um novo ciclo de alta para o setor poderá ter início no prazo de seis meses a dois anos e meio, na avaliação do fundador da Cyrela.

Chiara Quintão 

O mercado imobiliário vive momento de "desânimo grande", segundo o presidente do conselho de administração da Cyrela e fundador da companhia, Elie Horn, que atua no setor desde a década de 1960. Um novo ciclo de alta para o setor poderá ter início no prazo de seis meses a dois anos e meio, na avaliação do fundador da Cyrela.

O empresário diz que não gostaria que houvesse, outra vez, pujança semelhante à vivida pelo setor no período de 2007 a 2011. "Não gostaria que voltasse, porque foi falsa, fictícia. Não dá para crescer 100% ao ano, nem aqui, nem na China. Era bom que [a expansão] voltasse devagar", diz.

Em 2015, os lançamentos da companhia somaram R$ 2,36 bilhões, enquanto as vendas contratadas líquida chegaram a R$ 2,64 bilhões, sem considerar a participação dos sócios nos empreendimentos. No auge do setor, em 2011, a Cyrela lançou R$ 6,28 bilhões e vendeu R$ 5,27 bilhões, também considerando-se somente a parte própria.

Perguntado se acredita que, em algum momento, o setor retomará o patamar de lançamentos daquele ano, o empresário respondeu que "tudo volta". "O mundo balança, mas não quebra", afirma "seu" Elie.

Para o empresário, um dos maiores problemas atuais do setor são os distratos, ou seja, as rescisões de vendas, resultantes da falta de confiança do comprador e do aumento do desemprego. "Estamos sofrendo muito", diz.

Na segunda-feira, após evento da Cyrela, ele afirmou que, quando uma "solução amigável" for encontrada pelo governo, isso irá gerar credibilidade e haverá negócios e mudança do ânimo em relação à demanda. Na ocasião, o empresário disse que a solução para a crise virá de um acordo político entre todos os partidos.

Em relação à restrição de financiamento também ser uma das causas para o aumento dos distratos, a sua avaliação é que sempre há crédito para bons compradores e boas empresas. "Acho que o dinheiro existe para quem paga", diz.

No entendimento do fundador da Cyrela, empreender, atualmente, é mais fácil do que antes dos marcos regulatórios do setor imobiliário, definidos em 2004 e 2005. "Hoje, tem crédito. Antes, não havia dinheiro. As regras são mais claras", compara o empresário. Ele reconhece que a competição aumentou, mas diz que existem mais compradores e recursos.

O primeiro ponto para lidar com a crise, de acordo com "seu" Elie, é ter um fluxo de caixa sadio, ou seja, "dinheiro para não falir". No caso da Cyrela, afirma, é preciso fluxo de caixa suficiente para dar conta dos quatro anos do ciclo imobiliário, incluindo pagar as dívidas sem vender nada. Os outros pontos são, segundo ele, não pensar em desistir, não ter medo e se reinventar.

Sobre filantropia o empresário é conhecido por ser um grande doador de recursos -, ele disse que, quanto mais se doa, mais é possível recolher depois. "Acredito, piamente, que há reencarnação. Quanto mais você dá, mais tem bençãos de Deus. Acredito que o dinheiro volta em atos na eternidade", diz, acrescentando que foi pobre quando era criança e detestaria ter essa condição na eternidade. "Nossa obrigação como empresários é fazer o bem. Acho que a salvação da pobreza vem pelo empresariado e não pelo governo."

"Seu" Elie afirmou que, sem empresariado não há país possível. "O empresariado é a mola do país", afirma. O fundador da Cyrela contou ainda que não pretende se aposentar e afirmou que "o homem que para fica louco, gagá ou enche a esposa". "Cada vez que você é mais velho, pensa mais no futuro. Gostaria que, daqui a 100 anos, a empresa fosse grande, sadia e forte", diz.

FONTE: VALOR ECONôMICO