O IGMI-R/ABECIP avançou 1,06% em maio, desacelerando em relação ao resultado do mês anterior (1,78%). Todas as capitais pesquisadas registraram elevação dos preços dos imóveis residenciais no período, porém mantendo a heterogeneidade observada ao longo dos últimos meses no que diz respeito à magnitude das variações. O destaque positivo em maio foi Porto Alegre, onde os preços aumentaram 2,49%. No outro extremo, o Rio de Janeiro e Recife tiveram variações positivas, mas em verdade muito perto da estabilidade no mês.
As variações acumuladas em 12 meses continuaram em aceleração exceto pelo Recife, onde o número de maio (3,24%) ficou ligeiramente abaixo do registrado no mês anterior (3,30%). Mesmo nos casos de menor variação nominal no período, a tendência de recuperação dos preços em termos reais teve sequência, impulsionada pela deflação dos índices de preços ao consumidor nos últimos meses.
Olhando sempre sob a ótica das variações acumuladas em 12 meses, o gráfico abaixo mostra a evolução do IGMI-R/ABECIP para o Brasil e as dez capitais ao longo dos cinco primeiros meses de 2020. Em maio, os resultados das capitais se agrupam claramente em torno de três grupos distintos.
São Paulo é um resultado à parte (15,44%), bem acima da média nacional. O segundo grupo é formado por Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza e Recife, com variações acumuladas em torno de 4%, abaixo da média para o Brasil. O terceiro grupo apresenta variações próximas à da média nacional, em torno de 10%, formado por Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Goiânia e Brasília.
Essas diferenças regionais ilustram a incerteza associada ao ritmo da recuperação nos preços dos imóveis residenciais no Brasil. Em um primeiro momento, essa incerteza ainda era predominantemente derivada dos desafios de ajuste macroeconômico do país, que vinham impondo um ritmo lento à recuperação do nível de atividade econômica no período após a recessão terminada em 2016. Ainda assim, o setor de construção civil vinha apresentando desempenho relativamente favorável, com crescimento de 1,6% em 2019, acima do PIB no ano (1,1%). Nos dois últimos meses, a pandemia fez crescer consideravelmente esse ambiente de incerteza, porém novamente o setor de construção civil parece contar com elementos relativamente favoráveis. Do lado da oferta, as medidas de distanciamento social não afetaram as obras com a mesma intensidade de outros setores industriais. Do lado da demanda, os juros em baixa histórica parecem ter ajudado a impulsionar o volume de financiamentos imobiliários, mesmo em abril, primeiro mês completo sob os efeitos da pandemia. O principal desafio para a continuidade da recomposição dos preços dos imóveis está na dinâmica do mercado de trabalho, com efeitos provavelmente desfavoráveis das quedas nos níveis de emprego e rendimento sobre a confiança de consumidores e investidores.