O resultado do IGMI-R/ABECIP em agosto mostrou uma variação ligeiramente inferior à do mês anterior (1,74% contra 1,86%). No entanto, a variação acumulada em doze meses continuou a trajetória de aceleração (12,48% em agosto ante 11,02% em julho), assim como nas dez capitais analisadas pelo indicador.
A despeito da aceleração dos índices de preços ao consumidor nos últimos meses, o IGMI-R/ABECIP ainda apresentou ganhos reais em agosto. Em comparação com a variação acumulada em 12 meses do IPCA/IBGE, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba tiveram ganhos reais nos preços dos imóveis residenciais sob a mesma ótica em agosto, enquanto Goiânia e Porto Alegre ficaram ligeiramente abaixo. Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Salvador, apesar das respectivas acelerações nas variações acumuladas em 12 meses nos preços nominais, apresentaram recuos mais significativos em termos reais.
Apesar da disparidade regional, os avanços dos preços nominais dos imóveis residenciais ocorrem em um período em que a percepção dos empresários do setor, de acordo com a Sondagem da Construção Civil do IBRE/FGV, mostra em agosto um avanço nos quesitos Evolução Recente da Atividade e Demanda Prevista, colocando os dois indicadores nos respectivos níveis relativos ao final de 2019 e início de 2020, anteriores ao início da pandemia.
Porém, se por um lado a Sondagem indica um avanço da percepção em relação à Demanda Prevista em agosto, após um ligeiro recuo no mês anterior, por outro o indicador de Tendência dos Negócios descreve a trajetória contrária no período.
Os movimentos contrários dos indicadores de Demanda Prevista e Tendência dos Negócios nesse último mês refletem o contexto de aumento de incertezas em relação à evolução do nível de atividades em geral no Brasil. A redução das restrições de mobilidade e o avanço da imunização vêm sendo acompanhadas de recuperação no setor de serviços, mas também de elevações nos índices de preço no atacado, incluindo insumos da construção civil, e para os consumidores. A autoridade monetária vem sinalizando a necessidade de elevações nas taxas de juros para fazer frente a essa tendência geral de aumentos de preços, em um momento em que a recuperação do nível de atividades ainda não vem sendo suficiente para recompor as perdas de emprego e rendimentos registradas ao longo de 2020. Esses são desafios fundamentais para a dinâmica do setor de construção civil nos próximos meses, que irão determinar a trajetória dos preços dos imóveis, por ora ainda em tendência de aceleração.