Apesar da ligeira desaceleração no resultado do IGMI-R/ABECIP em outubro (0,44%, após variar 0,57% no mês anterior), o resultado acumulado em 12 meses voltou a aumentar (10,59% ante os 10,40% em setembro). Fortaleza e Recife, as duas capitais onde houve queda nos preços médios dos imóveis residências em outubro, juntamente com Rio de Janeiro e Belo Horizonte formam um grupo com resultados acumulados em 12 meses abaixo de 6%. Já Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Goiânia e Brasília apresentam, ainda sob a perspectiva das variações acumuladas em 12 meses, valores próximos ao da média nacional (10,59%), enquanto São Paulo descola desse resultado, registrando aumento de 16,35%.
Apesar das disparidades entre esses grupos de capitais, as variações acumuladas nos dez primeiros meses de 2020 encontram-se sistematicamente acima das do mesmo período de 2019. Como pode ser visto no gráfico abaixo, esse resultado mantém a recomposição dos preços reais dos imóveis residenciais na média do Brasil, comparando as evoluções dos acumulados em 12 meses do IGMI-R/ABECIP e do IPCA.
Dois movimentos recentes fizeram com que essa recomposição em termos reais, iniciada na virada entre 2019 e 2020, perdesse parte de sua força. As incertezas sobre o nível de atividades e o mercado de trabalho resultantes da chegada da pandemia no segundo trimestre do ano reduziram a taxa de aceleração dos preços dos imóveis residenciais no período. Por sua vez, os índices de preços ao consumidor vêm acelerando desde esse período, como resultado de algumas mudanças de padrões de consumo e choques pontuais de oferta.
De qualquer forma, os resultados nominais do IGMI-R/ABECIP durante o terceiro trimestre, e ainda nesse primeiro mês do último trimestre, voltaram a mostrar aceleração, ainda que em tendência inferior à do início do ano. Esse desempenho encontra contrapartida na recuperação da demanda prevista por edificações residências, de acordo com a Sondagem da Construção produzida pelo IBRE/FGV. Como pode ser visto no gráfico abaixo, os níveis de demanda prevista tiveram uma forte recuperação após a queda registrada durante o segundo trimestre, aproximando-se do ponto máximo observado em dezembro de 2019.
O desempenho recente dos volumes de vendas e financiamentos sob condições historicamente favoráveis estabelece a oportunidade para a continuidade da recuperação dos preços dos imóveis residenciais. No entanto, eventuais novos desdobramentos da crise sanitária renovam os desafios para essa trajetória de retomada dos preços do setor, considerando seus impactos potenciais sobre o mercado de trabalho e os fundamentos macroeconômicos que garantam as condições necessárias para o aumento de investimentos.