Os preços dos imóveis residenciais nas dez capitais analisadas pelo IGMI-R/ABECIP tiveram elevação na leitura de julho, em comparação ao resultado do mês anterior, sendo que todos também tiveram aceleração nos respectivos resultados acumulados em 12 meses em relação aos resultados de junho.
As variações acumuladas em 12 meses do IGMI-R/ABECIP para o Brasil e do IPCA/IBGE praticamente igualaram-se em maio último, interrompendo uma sequência de valorização real dos preços dos imóveis residenciais, iniciada no último trimestre de 2019. Com os resultados apurados nos meses de junho e julho de 2021, verifica-se novamente um avanço dos preços dos imóveis residenciais em termos reais.
Os últimos resultados da Sondagem da Construção Civil do IBRE/FGV mostram uma acomodação da percepção dos empresários do setor de edificações residências em relação à evolução recente da atividade em relação em julho, em comparação ao mês anterior. No entanto, como podemos ver no gráfico abaixo, a percepção dos empresários do setor em relação à tendência dos negócios possui informação significativa para antecipar os movimentos da percepção em relação à evolução recente da atividade nos meses seguintes, sendo que em julho esse indicador avançou pelo segundo mês consecutivo.
O quesito tendência dos negócios compõem juntamente com a percepção dos empresários sobre demanda prevista o índice de expectativas da Sondagem da Construção Civil. O gráfico abaixo mostra que, a despeito de uma ligeira queda na percepção em relação à demanda prevista para os próximos meses, o desempenho da tendência dos negócios é suficiente para que o índice de expectativas tenha mantido em julho a tendência de crescimento iniciada no segundo trimestre do ano.
Uma interpretação desse recuo, ainda que ligeiro, da percepção em relação à demanda futura, são os efeitos potenciais das sinalizações recentes das autoridades monetárias em relação à intensidade do ajuste necessário nas taxas de juros. Entre os fatores por trás da aceleração dos índices de preços que justificam essas sinalizações, estão o aumento dos custos de insumos industriais, incluindo os da construção civil. Além desses efeitos, temos ainda a preocupação em relação à dinâmica da crise sanitária, em um momento em que diversos indicadores recentes mostram uma acomodação do ritmo de retomada da atividade econômica, antes que o mercado de trabalho tenha tido oportunidade de recuperar as perdas do pior momento da pandemia.
A conciliação dessas considerações com o avanço da percepção dos empresários do setor em relação à tendência dos negócios nos próximos meses envolve o fato de, apesar das sinalizações de elevação nas taxas de juros nominais, as taxas de juros reais ainda estão em níveis historicamente baixos. Adicionalmente, existe a perspectiva dos efeitos positivos do relaxamento de medidas de isolamento social sobre a retomada de atividades, principalmente dos setores de serviços, no contexto do avanço da imunização.
Apesar dos desafios do cenário atual à realização de projeções de prazo mais longo em relação aos fatores mencionados acima, o início do segundo semestre mostra uma tendência de elevação nos preços dos imóveis residenciais no Brasil.