O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou inflação de 0,81% em junho, desacelerando em relação a maio, quando apresentou taxa de 0,89%, informou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
A alta ficou abaixo da mediana das estimativas de 21 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, de 0,84%, com intervalo das projeções indo de 0,46% a 0,94%.
Com esse resultado, o índice acumula expansão de 1,10% no ano e de 2,45% nos últimos 12 meses. Em junho de 2023, o índice tinha registrado taxa de -1,93% no mês e acumulava queda de 6,86% em 12 meses anteriores.
“Os desafios climáticos e a sazonalidade foram determinantes nos destaques do índice ao produtor e do índice ao consumidor. No IPA, as maiores contribuições vieram da soja, do café, da batata e do leite; itens que também tiveram impacto no IPC. Não por coincidência, a batata e o leite também foram destaques significativos no varejo. Além disso, o INCC apresentou avanço influenciado pela mão de obra”, diz André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV Ibre e responsável pelo indicador, em comentário no relatório.
Com peso de 60%, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) subiu 0,89% em junho, uma aceleração de menor intensidade em relação ao comportamento observado em maio, quando registrou alta de 1,06%.
Analisando os diferentes estágios de processamento, percebe-se que o grupo de Bens Finais subiu 1,08% em junho, uma notável aceleração em relação a taxa de 0,06% registrada no mês anterior.
Esse acréscimo foi impulsionado principalmente pelo subgrupo de alimentos in natura, cuja taxa passou de -3,67% para 3,00%, no mesmo intervalo. Além disso, o índice correspondente a Bens Finais “ex”, que exclui os subgrupos de alimentos in natura e combustíveis para consumo, subiu de 0,50% em maio para 0,94% em junho.
O grupo de Bens Intermediários subiu 0,42% em junho, suavizando a alta observada no mês anterior, quando registrou 1,03%. O principal fator que influenciou esse movimento foi o subgrupo de materiais e componentes para a manufatura, cuja taxa passou de 1,44% para 0,69%.
O índice de Bens Intermediários “ex”, que exclui o subgrupo de combustíveis e lubrificantes para a produção, subiu 0,74% em junho, após registrar alta 1,01% em maio.
O estágio das Matérias-Primas Brutas apresentou uma alta de 1,25% em junho, menos expressiva quando comparado ao mês de maio, quando subiu 2,15%. A desaceleração do grupo foi influenciada principalmente por itens chave, tais como o minério de ferro, que inverteu sua taxa de uma alta de 8,18% para uma queda de 0,84%, os bovinos, cuja taxa alterou de 0,43% para -2,60%, e mandioca/aipim, que passou de 1,37% para -5,19%.
Em contraste, alguns itens tiveram um comportamento oposto, entre os quais se destacam a laranja, que diminuiu de uma taxa de -12,20% para -2,47%, a cana-de-açúcar, que suavizou a taxa de -2,33% para -0,35% e o cacau, que inverteu sua taxa, passando de -11,60% para 14,09%.
Com peso de 30% no IGP-M, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) subiu 0,46%, avançando em relação à taxa de 0,44% observada em maio. Entre as oito classes de despesa que compõem o índice, quatro delas exibiram aceleração em suas taxas de variação.
O maior impacto veio do grupo Alimentação, cuja taxa de variação passou de 0,51% para 0,96%. Dentro desta classe de despesa, é importante destacar o subitem leite tipo longa vida, que passou de 1,60% na medição anterior para 8,86% na atual.
Também apresentaram avanço em suas taxas de variação os grupos Vestuário (-0,58% para 0,42%), Habitação (0,29% para 0,38%) e Despesas Diversas (0,20% para 0,45%). Nestas classes de despesa, as maiores influências partiram dos seguintes itens: roupas (-0,73% para 0,41%), equipamentos eletrônicos (-0,63% para -0,02%) e serviços bancários (0,02% para 0,73%).
Em contrapartida, os grupos Transportes (0,66% para 0,28%), Educação, Leitura e Recreação (0,13% para -0,23%), Comunicação (0,58% para 0,07%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,78% para 0,68%) exibiram recuo em suas taxas de variação. Dentro destas classes de despesa, é importante destacar os itens: gasolina (1,70% para 0,54%), passagem aérea (0,47% para -1,44%), tarifa de telefone móvel (1,26% para 0,16%) e medicamentos em geral (1,44% para -0,07%).
Por fim, com os 10% restantes do IGP-M, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) subiu 0,93% em junho, um valor superior à taxa de 0,59% observada em maio.
Analisando os três grupos constituintes do INCC, observam-se as seguintes variações na transição de maio para junho: o grupo Materiais e Equipamentos apresentou um avanço, passando de 0,25% para 0,48%; o grupo Serviços teve um recuo, passando de 0,50% para 0,29%; e o grupo Mão de Obra registrou novo avanço, variando de 1,05% para 1,61%.
Apesar de ser considerado o indicador do mês fechado, para o cálculo do IGP-M e de seus componentes, são comparados os preços coletados do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do atual (o de referência) com os do ciclo de 30 dias imediatamente anterior.