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08/03/2023

Imobiliária que só tem mulheres como corretoras se destaca em setor dominado pelos homens (O Globo)

Empresa voltada para o segmento de alto padrão no Leblon, na Zona Sul do Rio, optou por ter 100% da equipe de vendas feminina, investindo em profissionais sem experiência no setor

Por Ana Flávia Pilar

Lugar de mulher é também nas imobiliárias. O trabalho masculino ainda predomina no setor (somente 34,8% no Estado do Rio são mulheres), mas não é o que se vê na corretora Judice & Araujo no Leblon. Lá, a equipe de vendas é 100% feminina.

Só há associadas no escritório, que abriu espaço para mulheres, muitas vindas de outras profissões ou que retornavam ao mercado após a maternidade. Horário flexível e ganhos altos atraíram profissionais para esse segmento.

A composição da equipe vai além da busca da igualdade de gênero no mercado de trabalho. Segundo a vice-presidente da empresa e líder de operações na sede, Patricia Judice de Araújo, a mulher tem vantagens comparativas. É paciente, o que é fundamental para acompanhar um negócio que pode levar anos:

— A minha mãe, que fundou a empresa, sempre teve essa mentalidade de buscar uma maioria feminina. As mulheres têm mais paciência para o trabalho, o que ajuda no processo de compra e venda. Como alguns clientes podem levar anos até assinar os documentos e realmente comprar uma casa, é uma negociação complexa, e as corretoras são mais compreensivas sobre as dificuldades dessa decisão — explicou.

Para fazer parte da equipe experiência não é o requisito principal. Marcia Coelho Cezar, que lidera o time de 13 associadas, nunca tinha atuado no mercado imobiliário. Após passar pelo setor de eventos, Márcia foi convidada para assumir a Gestão de Negócios da matriz, no Rio:

— Fui designer gráfica por 20 anos, mas mudei de profissão porque não consegui acompanhar as mudanças no mercado durante a maternidade.

Ela conta ter aceitado a vaga na corretora com “um pé atrás”, mas mudou de ideia após duas reuniões com a empresa, que a fizeram se interessar pelo nicho de mercado voltado para a classe alta.

Já a corretora Rubya Costa, embora sempre tenha atuado em vendas, nunca tinha cogitado entrar no setor:

— Ainda estava na fase romântica da maternidade, sem pensar na loucura de voltar para o trabalho, e fui buscando outras coisas com calma, mas queria viver a minha relação com meu filho.

Patricia alavancou a empresa. Foi responsável pela filiação da corretora na Christie’s International Real Estate (rede internacional de imobiliárias de luxo) e chegou a ser a única representante da América Latina na rede, o que projetou a empresa no mercado de alto padrão global.

A empresa tem 29 operações no Rio, mas planeja levar o negócio a outros estados. 

Foto: Verônica Peixoto/Divulgação

FONTE: O GLOBO